quinta-feira, 23 de novembro de 2023

WanDerLey:   Mirante da Granja Guarani, o “Quiosque das Len...

WanDerLey:   Mirante da Granja Guarani, o “Quiosque das Len...:   Mirante da Granja Guarani, o “Quiosque das Lendas” Na gênese indígena, guerreiros cometem "o pecado" e liberam a noite, esc...

Mirante da Granja Guarani, o “Quiosque das Lendas”

Na gênese indígena, guerreiros cometem "o pecado" e liberam a noite, escondida num coquinho
     Centro das admirações dos que se preocupam com a memória, o Quiosque das Lendas está provocando a atenção das autoridades e dos moradores do bairro da Granja Guarani, situado no Alto de Teresópolis. Interessante construção emoldurada por colunas toscanas de capitel simples e arcos de alvenaria revestidos com azulejos portugueses, o mirante é obra do engenheiro teresopolitano Carlos Nioac de Souza, feito no ano de 1929, por encomenda do loteador da Granja Guarani, Arnaldo Guinle.

     Neste domingo, a professora Mônica Botafogo participou de evento da Secretaria de Cultura no Mirante e contou para interessado público de adultos e crianças uma das lendas retratadas nos azulejos depredados que ainda ilustram teimosamente o importante monumento. Produzidos em Lisboa, os azulejos que revestem o importante prédio, que é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico desde 1988, foram pintados  pelo renomado artista Jorge Colaço (1864-1942) e contam quatro lendas indígenas: O Dilúvio”, “O Anhangá e o Caçador”, “A moça que saiu para procurar marido” e “Como apareceu a noite”. O autor dos traços fortes, em azul sobre branco, foi um dos maiores azulejistas de Portugal no princípio do século XX, com  trabalhos expostos desde o Palácio de Windsor na Inglaterra, até o Centre William Reppard na Suíça, passando por países como Cuba, Argentina, Brasil e Portugal.

     A lenda escolhida pela Voluntária da Cultura foi “Como a noite apareceu”, contando a história da filha do Cobra Grande e a curiosidade dos três emissários de seu noivo, que abriram o côco de tucumã e liberaram assim  a noite sobre o mundo, com pássaros que cantam ao amanhecer e outros ao anoitecer.

     Outra lenda, “A moça que saiu para procurar o marido” relata a história da índia guarani Nheambiú, que se apaixona pelo guerreiro tupi Cuimbaé, prisioneiro dos guaranis. E como ela, após saber da morte de seu amor, se transforma no pássaro urutau, que entoa durante a noite um canto parecido com um lamento humano. Em “O dilúvio”, a mitologia indígena trata de uma lenda muito parecida com o dilúvio bíblico de Noé. Na versão guarani, avisado por espíritos antepassados que haveria um grande dilúvio, Tamendonaré se refugia com sua família em cima de uma grande palmeira (pindorama), se alimentando de seus frutos. Sobrevivendo ao dilúvio, o chefe indígena repovoa o mundo, sendo os guaranis seus seus descendentes diretos. E, em “O anhagá e o caçador”, Colaço retrata o terrível espírito protetor dos animais nas florestas brasileiras. Por vezes, Anhangá se disfarça ele próprio de animal para surpreender caçadores, principalmente aqueles que não respeitam animais ainda recém-nascidos ou fêmeas prenhes.

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