quinta-feira, 23 de novembro de 2023

 

A história do sobrado histórico José Francisco Lippi, em Teresópolis. (

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 A Ermitage e a história de Teresópolis

“Vale amplo, aberto, formando verdadeira bacia, em cujo thalweg corre um riacho de águas abundantes, encaichoeirado e rumoroso no primeiro terço de seu percurso dentro da mata, coleante e preguiçoso, na vasta planície por ele percorrida, é um sítio ideal para uma dessas residências ricas e senhoriais, como vemos nos países da Europa. No fim dessa planície de entrada do vale, nas primeiras ondulações das montanhas que se lhe erguem em torno, tendo o córrego de um lado e de outro uma pequena grota de onde brota um segundo filete dágua, levanta-se um pequeno promontório, seguido de outra planície menor que a primeira, onde se acha colocada a casa de residência da antiga fazenda.Lembro-me, perfeitamente, da primeira vez que ali passamos as férias, em 1896... Foi uma sensação de deslumbramento para mim. A largueza, a beleza do sítio, o parque, o pomar, eram motivos para minha admiração! As uvas, os marmeleiros, o campo, encheram-me os olhos, ávidos de liberdade.”, retrata a Fazenda Ermitage o engenheiro Armando Vieira em seu livro de memórias, Therezopolis, 1938.

     O governo do Estado continua com a intenção de construir na Fazenda Ermitage cerca de mil e quinhentas casas populares para os desabrigados das chuvas de janeiro de 2011. Antiga “Fazenda das Montanhas”, “Hotel Lacerda” e, desde 1878, “Ermitage”, a propriedade mantém-se com as mesmas características do final do século dezenove, tendo grande importância histórica pelas ilustres personalidades que passaram temporadas na propriedade, entre elas, os governadores de Estado Quintino Bocayuva, Alfredo Backer, Oliveira Botelho e Nilo Peçanha, o candidato à presidência, Sabino Barroso, e o presidente da República, Prudente de Moraes, que viveu em Teresópolis entre os dias 9 de dezembro de 1896 e 4 de março de 1897, recuperando-se de uma cirurgia, enquanto assumia o cargo o vice Manoel Victorino. Prudente de Moraes subiu a serra com a mulher e suas três filhas, além de assessores políticos. Daqui, o presidente acompanhou os bastidores do governo, via telefone, instalado especialmente para sua maior comodidade, até que em março de 1897, revitalizado pelo clima da serra, o presidente voltou ao Rio de Janeiro e reassumiu o cargo. A viagem presidencial a Teresópolis foi feita através da Baía da Guanabara, passando pelo Porto de Piedade, onde foi tomando o trem da EFT até Guapimirim. Na base da serra, duas liteiras conduziram o grupo até o Hotel Higino, no Alto, onde os visitantes ilustres foram trasladados para a Ermitage num troly americano.
     Antiga “Fazenda das Montanhas”, parte da sesmaria de George March, destinada por herança ao filho Guilherme March, a propriedade foi vendida, nos primeiros anos de 1850, ao Comandante Superior Policarpo José Alvares de Azevedo, que adquiriu também o Comary, Soberbo, Araras, Meudon e Vidigueiras. Sucedidas ao filho Alexandre Magalhães Alvares de Azevedo, a fazenda foi vendida a Joaquim Paulino de Oliveira, irmão de Paulino José de Oliveira, - filhos do Tenente Joaquim Paulo, o presumido filho de Tiradentes - que já tinha adquirido de Jorge Britain March, irmão de Guilherme, as terras do Imbuy.
     Em 1877, Antonio de Lacerda Telles, parente de Joaquim de Abreu Lacerda, redator do Jornal do Commercio, adquiriu a Fazenda das Montanhas, instalando alí o Hotel Lacerda, que funcionou menos de dois anos, sendo a propriedade vendida, em maio de 1878, ao francês Eugênio Aristides Poirson. “Na sua qualidade de bom francês, mudou, Poirson, o nome da Fazenda das Montanhas, para Ermitage. Eis aí a origem do nome um tanto pretensioso, lembrando os arredores de Paris, o valle do Montmorency, o Castelo de La Chevrete, que Jean Jacques Rousseau, nas ‘Confessions’, se encarregou de tornar celebre, L’Ermitage”, explica o historiador Armando Vieira, no livro Therezopolis 1938. “Três anos depois, em três de outubro de 1881, começa, verdadeiramente, a vida da Ermitage como fazenda produtiva e residência confortável. De espírito empreendedor, homem viajado, deu-lhe Baiana, grande desenvolvimento. Plantou grande vinhedo, extenso pomar de marmeleiros, cujos frutos eram uma especialidade de Teresópolis; montou fábrica de vinho, serraria acionada por uma roda dágua do córrego encachoeirado a que já aludi; tentou a criação de cavalos da raça Percheron de que possuía um belo exemplar reprodutor”, continua Armando Vieira, que informa também as dificuldades encontradas por Baiana. “Como consequência das dificuldades que atravessou nos últimos anos de sua vida de Teresópolis, a atividade da Ermitage esmoreceu, perdendo-se o que ali se tinha feito, no terreno lucrativo, cessando-lhe a vida de fazenda. Com a morte de Baiana, foram seus bens à praça para liquidação de seu inventário, sendo a Ermitage arrematada por Domingos Moitinho, credor do monte, em 13 de novembro de 1888. Nesse mesmo ano, a propriedade passou às mãos de Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, o Visconde de Cavalcanti. “Homem de fino gosto e grande tratamento, habituado em Paris onde residia, o Visconde transformou a Ermitage - a fazenda de Baiana - em estância de veraneio, reformando a casa de moradia, cocheiras, jardins e dependências, tornando-a um verdadeiro encanto. Naquele tempo - situação que durou até 1903, quando se realizaram as obras de saneamento do Rio de Janeiro e o expurgo da febre amarela, serviço que devemos ao grande Osvaldo Cruz - era quase obrigatória a fuga do Rio, assolado no Verão pela terrível epidemia que tanto deprimiu a reputação do Brasil, entravando o seu progresso. Pouco durou, entretanto, esse entusiasmo do Visconde. Continuando a Viscondessa  a residir em París, transferiu, de novo, a Domingos Moitinho, por escritura de 4 de Julho de 1890, a propriedade que, com tanto carinho, preparara”, conclui Armando Vieira.  Três dias depois, em 7 de julho de 1890, Domingos Moitinho e outros assinam, em Teresópolis, um contrato com o governo do Estado do Rio de Janeiro, criando a Empresa Estrada de Ferro Therezopolis, a quem passa a propriedade e as demais terras de Teresópolis, adquiridas para a construção da capital do Estado, objeto principal do contrato, que previa também a abertura de uma estrada de ferro ligando essa Capital à Niterói.
     Propriedade de tantos, cada um promovendo nela importantes melhorias, a Fazenda Ermitage passou às mãos do empresário José Augusto Vieira, por arrendamento, em 1895, tornando-se Vieira seu dono em 4 de setembro de 1901, quando o empresário arrematou em leilão os bens da EFT, da qual era empregado e investidor.

UMA NOVA ÁREA DE RISCO?

     Ávidos em dar uma resposta política aos desabrigados, à época, nem que seja em forma de promessa, a prefeitura de Teresópolis e o governo do Estado cometeram um grande equívoco e que cabe ainda à sociedade organizada discutir, e acompanhar, para que cuidados sejam tomados com relação à ocupação desta área. A Fazenda Ermitage é uma bacia com a permeabilidade já comprometida, sendo as suas águas responsáveis pelo alagamento da rua Manoel José Lebrão quando das chuvas fortes em Teresópolis. Aumentando a impermeabilidade desta bacia, um charco que absorve a umidade dos morros próximos, teremos alagamentos ainda maiores nos bairros Ermitage e Tijuca, que já sofrem com as enchentes quando chove um pouco mais forte.
     Outro problema da criação de um bairro populoso na bacia da Ermitage é a necessária infra-estrutura, nunca equivalente a que existe nas localidades atingidas, sem contar a questão cultural dos novos moradores, oriundos de bairros diferentes, com necessidades e costumes específicos. A Cidade de Deus, no Rio de Janeiro é um exemplo disso e, em Teresópolis, temos o Matadouro e a Fazenda Fonte Santa que não agradaram os moradores que para lá foram enviados. Todos sabemos que as casas populares do Matadouro não foram habitadas porque não existiam em seu entorno os costumes e os hábitos que os moradores contavam nas suas antigas comunidades. “Há também que se preocupar com as raízes desses lugares atingidos. Desde a padaria próxima, a escola, a creche, a igreja, até o botequim onde se assiste o jogo dos domingos, tudo isso faz parte dos costumes e da cultura local destes desalojados. Sem contar que as pessoas dessas comunidades não têm grande facilidade de adaptação. Elas vivem, literalmente, em comunidade, se ajudando e se inteirando dos problemas do lugar, que também são motivos de aproximação. É um crime amontoar essas gentes, de tantos lugares diferentes, num mesmo ponto, onde a ocupação do território facilita a ação dos aventureiros, até mesmo a proliferação das drogas”, observamos outro dia na rede social. “A irresponsabilidade de transferir para um bolsão de casas os desabrigados de tantos lugares diferentes é tamanha que não se cogita, por exemplo, de arranjar espaços no interior para construir casas para quem perdeu suas residências. Segundo a vontade dos políticos, o agricultor, dono da terra ou meeiro, de Vieira ou Pessegueiros, por exemplo, vai ganhar casa na Ermitage. O desequilíbrio social e econômico que esse deslocamento vai provocar é enorme”, concluiu o debate.

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Tragédias de Teresópolis

     Em 12 de janeiro de 2011, Teresópolis viveu a sua maior tragédia. O número de mortos passou de trezentos e o de residências destruídas ou afetadas foi enorme, cerca de 1.500 casas! O número de desabrigados ultrapassou 3 mil, certamente a maior onda de destruição que o município já viu e hoje, enquanto aguardam a construção das casas populares prometidas pelo Estado, cerca de 3 mil pessoas ainda vivem do aluguel social.
     O episódio remete a uma reflexão: precisamos entender melhor o nosso ambiente. Não seríamos vítimas de trombas d’água e inundações se não agredíssemos tanto o planeta, se não esgotássemos os seus recursos naturais com a nossa ansiedade pelo conforto, pelo consumismo desenfreado. 
     Seríamos poupados se não fôssemos tão ignorantes em nosso comportamento com o meio em que vivemos. Mostra também que, se não previmos a tragédia, resultado da ocupação irregular permitida e até patrocinada pelos políticos que ocuparam o poder ao longo dos últimos 30 anos em Teresópolis, não fomos eficientes também no pós-tragédia: doações foram desviadas, os recursos federais roubados e mais da metade das pessoas que recebem hoje o aluguel social não perdeu casa alguma naquelas chuvas - águas que levaram também a dignidade dessa gente pobre de espírito, pessoas que se aproveitam, que mentem, reflexo dos políticos que vêm governando a cidade ao longo das ultimas décadas.
     É caso de polícia e vamos ainda falar muito disso. Mas, esquecendo um pouco a tragédia espiritual aproveitadores de plantão, vamos lembrar de outra tragédia que ocorreu em em Teresópolis. Foi há 32 anos, em 2 de dezembro de 1981. Era fim de tarde e, por volta 18h, quando o ônibus de 17h30min, da Viação Teresópolis, com destino a Guapimirim, chegou próximo ao Posto Garrafão, na Serra, este foi colhido por uma avalanche de lama, sendo precipitado no abismo. Outras barreiras atingiram outros 70 veículos e, no início da noite, quando as equipes de salvamento chegaram ao local, mais de vinte mortos seriam contabilizados. O “inferno na serra”, como foi dada a notícia pela imprensa local, sobrevive na memória dos jornais e de quem presenciou o primeiro grande acidente na estrada Rio-Teresópolis, inaugurada 22 anos antes, em 1.o de agosto de 1959.
     A cidade também sofreu com a tromba d’água. “Na maior enchente que já se abateu sobre Teresópolis, diversos muros caíram aumentando ainda mais a facilidade para que as águas entrassem nos jardins das residências e nas lojas. O prejuízo é enorme para os proprietários. Quase todas as ruas do centro da cidade foram atingidas, sofrendo mais as ruas Francisco Sá, Duque de Caxias, Carmela Dutra, Cotinguiba, Rui Barbosa, Feliciano Sodré, Lúcio Meira, Darcy Menezes, Nova Friburgo, Magé, Manoel Lebrão e o Parque Regadas. No Alto, ficaram inundadas as ruas Oliveira Botelho, Sloper, Melo Franco e Beira Rio e, no bairro São Pedro, a praça Getúlio Vargas e as ruas Fileuterpe e Pedro Struchi”, informou a Gazeta de
Teresópolis em 4 de dezembro de 1981.

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WanDerLey:    Governo do Estado vai iniciar o restauro do Qu...:    Governo do Estado vai iniciar o restauro do Quiosque das Lendas Tecnicos do Inepac e a secretária de Cultura, Adriana Rattes, com o d...

  Governo do Estado vai iniciar o restauro do Quiosque das Lendas

Tecnicos do Inepac e a secretária de Cultura, Adriana Rattes, com o deputado André Corrêa, o sub secretário
Arnaldo Almeida,  o sub secretário-executivo Luiz Fernando Zugliani, e o ex-secretário Wanderley Peres
   Encontro no Rio de Janeiro essa semana definiu visita de técnicos do Inepac ao Mirante da Granja Guarani. Será no dia 30 de abril, quando engenheiros do governo do Estado e arquitetos do Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural vão estudar o prédio tombado para o restauro.  Acompanhado do ex-secretário de Cultura, Wanderley Peres, o sub secretário Arnaldo Almeida ouviu da secretária Ana Rattes a promessa do pronto início da obra, que é devida em função de uma sentença judicial de março de 2011.
   "Vamos iniciar os trabalhos recompondo o telhado do Mirante, estancando a degradação e, ao mesmo tempo, vamos promover os estudos necessários e as providências para o restauro, que é um processo mais complicado", disse Ana Rattes, que prometeu para breve o início das obras.
   Líder do governo na Assembléia Legislativa, onde ocorreu o encontro, André Corrêa garantiu que vai empenhar-se para que a determinação judicial seja cumprida com urgência e prometeu construir, com recursos do Estado, o anexo projetado pela Secretaria de Cultura, construção que visa garantir a ocupação cultural do importante espaço.
   "Concordo com o Wanderley quanto à necessidade de construção de um prédio anexo ao mirante para gerir o espaço e marcar a presença da Cultura no local. A proposta da Cultura é muito interessante porque, além de promover a ocupação, garantindo a integridade do bem, vai promover uma relação amistosa da Prefeitura com a comunidade, e virá dessa relação o compromisso com a manutenção do espaço", disse.

   Cópia da planta do anexo cultural está exposta em totem no terreno do Mirante e dá esperanças à comunidade da Granja Guarani de ter em seu bairro o primeiro polo de Cultura de Teresópolis. O prédio tem cerca de 80m2, com salão para cursos e reuniões, sala administrativa, e banheiros. "Além da restauração do mirante, vamos ganhar um espaço cultural em nosso bairro. Será um grande presente para a cidade, e também para a nossa comunidade", comemorou o presidente da Associação de Moradores da Granja Guarani, Armindo Coelho.
   Participaram da reunião, o diretor geral do Inepac, Paulo Vidal, o deputado e líder do Governo na Alerj, André Corrêa e a secretária de Cultura Ana Rattes, além dos arquitetos que também virão a Teresópolis para o reconhecimento da área que receberá a obra do governo do Estado.
   Sobre o mirante
   Com estilo neocolonial e arquitetura de influências coloniais mexicanas e mouriscas, o Quiosque das Lendas foi construído na década de 20 do século passado e é composto por dois corpos interligados por um avarandado coberto, encimando uma grande elevação que forma uma espécie de platô. A construção, obra do engenheiro teresopolitano Carlos Nioac de Souza, é emoldurada por colunas toscanas de capitel simples e arcos de alvenaria revestidos com azulejos portugueses.
   Produzidos em Lisboa no ano de 1929, os azulejos que revestem o mirante foram pintados pelo renomado artista Jorge Colaço (1864-1942) e retratam quatro lendas indígenas: “O Dilúvio”, “O Anhangá e o Caçador”, “A moça que saiu para procurar marido” e “Como apareceu a noite”, derivando-se daí o nome Quiosque das Lendas.

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Mirante da Granja Guarani, o “Quiosque das Lendas”

Na gênese indígena, guerreiros cometem "o pecado" e liberam a noite, escondida num coquinho
     Centro das admirações dos que se preocupam com a memória, o Quiosque das Lendas está provocando a atenção das autoridades e dos moradores do bairro da Granja Guarani, situado no Alto de Teresópolis. Interessante construção emoldurada por colunas toscanas de capitel simples e arcos de alvenaria revestidos com azulejos portugueses, o mirante é obra do engenheiro teresopolitano Carlos Nioac de Souza, feito no ano de 1929, por encomenda do loteador da Granja Guarani, Arnaldo Guinle.

     Neste domingo, a professora Mônica Botafogo participou de evento da Secretaria de Cultura no Mirante e contou para interessado público de adultos e crianças uma das lendas retratadas nos azulejos depredados que ainda ilustram teimosamente o importante monumento. Produzidos em Lisboa, os azulejos que revestem o importante prédio, que é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico desde 1988, foram pintados  pelo renomado artista Jorge Colaço (1864-1942) e contam quatro lendas indígenas: O Dilúvio”, “O Anhangá e o Caçador”, “A moça que saiu para procurar marido” e “Como apareceu a noite”. O autor dos traços fortes, em azul sobre branco, foi um dos maiores azulejistas de Portugal no princípio do século XX, com  trabalhos expostos desde o Palácio de Windsor na Inglaterra, até o Centre William Reppard na Suíça, passando por países como Cuba, Argentina, Brasil e Portugal.

     A lenda escolhida pela Voluntária da Cultura foi “Como a noite apareceu”, contando a história da filha do Cobra Grande e a curiosidade dos três emissários de seu noivo, que abriram o côco de tucumã e liberaram assim  a noite sobre o mundo, com pássaros que cantam ao amanhecer e outros ao anoitecer.

     Outra lenda, “A moça que saiu para procurar o marido” relata a história da índia guarani Nheambiú, que se apaixona pelo guerreiro tupi Cuimbaé, prisioneiro dos guaranis. E como ela, após saber da morte de seu amor, se transforma no pássaro urutau, que entoa durante a noite um canto parecido com um lamento humano. Em “O dilúvio”, a mitologia indígena trata de uma lenda muito parecida com o dilúvio bíblico de Noé. Na versão guarani, avisado por espíritos antepassados que haveria um grande dilúvio, Tamendonaré se refugia com sua família em cima de uma grande palmeira (pindorama), se alimentando de seus frutos. Sobrevivendo ao dilúvio, o chefe indígena repovoa o mundo, sendo os guaranis seus seus descendentes diretos. E, em “O anhagá e o caçador”, Colaço retrata o terrível espírito protetor dos animais nas florestas brasileiras. Por vezes, Anhangá se disfarça ele próprio de animal para surpreender caçadores, principalmente aqueles que não respeitam animais ainda recém-nascidos ou fêmeas prenhes.

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WanDerLey:   Um patrimônio público que precisa deixar de ser ...:   Um patrimônio público que precisa deixar de ser ignorado      Quem visita o Mirante sofre um impacto: primeiramente, pela beleza da obr...

Um patrimônio público que precisa deixar de ser ignorado

     Quem visita o Mirante sofre um impacto: primeiramente, pela beleza da obra que não se supõe tão grandiosa; segundo, pela depredação de vândalos que não respeitam o patrimônio histórico... A valorização do Mirante da Granja Guarani, conduzindo-o de novo às raízes de seu trabalho, vem, por certo, na direção da cultura, da arte, e do transbordamento histórico”.  Texto de Osiris Rahal, transcrito do livro Reminicências, editado em 1987


Denúncia na imprensa por vários anos: Há muito tempo o mirante está em ruínas
     Atrativo turístico, sítio histórico que remonta a origem dos bairros de Teresópolis, local que transpira arte e cultura... Apesar de uma importância que engloba vários interesses públicos, e de tantas promessas pela sua recuperação, o Mirante da Granja Guarani está em ruínas. “Quem visita o Mirante sofre um impacto: primeiramente, pela beleza da obra que não se supõe tão grandiosa; segundo, pela depredação de vândalos que não respeitam o patrimônio histórico... A valorização do Mirante da Granja Guarani, conduzindo-o de novo às raízes de seu trabalho, vem, por certo, na direção da cultura, da arte, e do transbordamento histórico”. Apesar de atual, o texto foi escrito há mais de 20 anos, publicado no livro “Reminicências”, do escritor Osiris Rahal, em 1987.

     "Situada entre os caminhos sinuosos da Granja Guarani”, onde se desfruta de um amplo e belo panorama da Serra dos Órgãos, da CBF e do bairro do Alto, a construção neocolonial ainda guarda resquícios da beleza que provocou visitantes do mundo inteiro e de veranistas, encantados com o seu estilo arquitetônico de influências coloniais mexicanas e mouriscas. Também conhecido como “Quiosque das Lendas”, o bem é composto por dois corpos interligados por um avarandado coberto, encimando uma grande elevação que forma uma espécie de platô, o mirante tem cobertura em telha-canal com coruchéus, que remetem aos caramanchões por sua forma circular, daí ser também conhecido como “carra-manchão” da Granja Guarani.

     Centro das admirações dos que se preocupam com a memória, a interessante construção emoldurada por colunas tosca-nas de capitel simples e arcos de alvenaria revestidos com azulejos portugueses é obra do engenheiro teresopolitano Carlos Nioac de Souza. Produzidos em Lisboa no ano de 1929, os azulejos que revestem o mirante foram pintados  pelo renomado artista Jorge Colaço (1864-1942) e contam quatro lendas indígenas: O Dilúvio”, “O Anhangá e o Caçador”, “A moça que saiu para procurar marido” e “Como apareceu a noite”. O autor dos traços fortes, em azul sobre branco, foi um dos maiores azulejistas de Portugal no princípio do século XX, com  trabalhos expostos desde o Palácio de Windsor na Inglaterra, até o Centre William Reppard na Suíça, passando por países como Cuba, Argentina, Brasil e Portugal.

     Tombado em janeiro de 1988 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - INEPAC, que o catalogou como “uma pequena jóia neocolonial”, o Mirante da Granja Guarani é “protegido” também pela Lei Orgânica Municipal, de 1990. Mas, embora tenha grande importância histórica para o município, além de seu enorme apelo turístico e cultural, o prédio representa hoje apenas um monumento ao descaso das autoridades que, ao longo dos últimos trinta anos, deixaram que ele chegasse ao deplorável estado em que se encontra.

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WanDerLey: Quiosque das Lendas, o Mirante da Granja Guarani ...: Quiosque das Lendas, o Mirante da Granja Guarani O Quiosque das Lendas nos anos 1980 - degradação aumentou a partir do "tombamento&...

Quiosque das Lendas, o Mirante da Granja Guarani

O Quiosque das Lendas nos anos 1980 - degradação aumentou a partir do "tombamento"
   Atrativo turístico, sítio histórico que remonta a origem dos bairros de Teresópolis, local que transpira arte e cultura... Apesar de uma importância que engloba vários interesses públicos, e de tantas promessas pela sua recuperação, o Mirante da Granja Guarani está em ruínas. “Quem visita o Mirante sofre um impacto: primeiramente, pela beleza da obra que não se supõe tão grandiosa; segundo, pela depredação de vândalos que não respeitam o patrimônio histórico... A valorização do Mirante da Granja Guarani, conduzindo-o de novo às raízes de seu trabalho, vem, por certo, na direção da cultura, da arte, e do transbordamento histórico”. Apesar de atual, o texto foi escrito há mais de 20 anos, publicado no livro “Reminicências”, do escritor Osiris Rahal, em 1987.

   “Situada entre os caminhos sinuosos da Granja Guarani”, onde se desfruta de um amplo e belo panorama da Serra dos Órgãos, da CBF e do bairro do Alto, a construção neocolonial ainda guarda resquícios da beleza que provocou visitantes do mundo inteiro e de veranistas, encantados com o seu estilo arquitetônico de influências coloniais mexicanas e mouriscas. Também conhecido como “Quiosque das Lendas”, o bem é composto por dois corpos interligados por um avarandado coberto, encimando uma grande elevação que forma uma espécie de platô, o mirante tem cobertura em telha-canal com coruchéus, que remetem aos caramanchões por sua forma circular, daí ser também conhecido como “carra-manchão” da Granja Guarani.

   Centro das admirações dos que se preocupam com a memória, a interessante construção emoldurada por colunas toscanas de capitel simples e arcos de alvenaria revestidos com azulejos portugueses é obra do engenheiro teresopolitano Carlos Nioac de Souza. Produzidos em Lisboa no ano de 1929, os azulejos que revestem o mirante foram pintados  pelo renomado artista Jorge Colaço (1864-1942) e contam quatro lendas indígenas: O Dilúvio”, “O Anhangá e o Caçador”, “A moça que saiu para procurar marido” e “Como apareceu a noite”. O autor dos traços fortes, em azul sobre branco, foi um dos maiores azulejistas de Portugal no princípio do século XX, com  trabalhos expostos desde o Palácio de Windsor na Inglaterra, até o Centre William Reppard na Suíça, passando por países como Cuba, Argentina, Brasil e Portugal.

   Tombado em janeiro de 1988 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - INEPAC, que o catalogou como “uma pequena jóia neocolonial”, o Mirante da Granja Guarani é “protegido” também pela Lei Orgânica Municipal, de 1990. Mas, embora tenha grande importância histórica para o município, além de seu enorme apelo turístico e cultural, o prédio representa hoje apenas um monumento ao descaso das autoridades que, ao longo dos últimos trinta anos, deixaram que ele chegasse ao deplorável estado em que se encontra.

   AS QUATRO LENDAS DO QUIOSQUE
   A lenda “A moça que saiu para procurar o marido” relata a história da índia guarani Nheambiú, que se apaixona pelo guerreiro tupi Cuimbaé, prisioneiro dos guaranis. E como ela, após saber da morte de seu amor, se transforma no pássaro urutau, que entoa durante a noite um canto parecido com um lamento humano”.

   Em “O dilúvio”, a mitologia indígena trata de uma lenda muito parecida com o dilúvio bíblico de Noé. Na versão guarani, Tamendonaré (Tamandaré) avisado por espíritos antepassados que haveria um grande dilúvio, se refugia com sua família em cima de uma grande palmeira (pindorama), se alimentando também de seus frutos. Sobrevivendo ao dilúvio, Tamendonaré repovoa o mundo, com os guaranis se considerando seus descendentes diretos. 

   Em “O anhagá e o caçador”, Colaço retrata o terrível espírito protetor dos animais nas florestas brasileiras. Anhangá, que por vezes se disfarça ele próprio de animal para surpreender caçadores, principalmente aqueles que não respeitam animais ainda recém-nascidos ou fêmeas prenhes. 

   Na lenda “Como a noite apareceu”, conta-se a história da filha do Cobra Grande e a curiosidade dos três emissários de seu novio, que abriram o o côco de tucumã e liberaram assim  a noite sobre o mundo, com pássaros que cantam ao amanhecer e outros ao anoitecer.