quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CRONOLOGIA BÍBLICA -3- O DILÚVIO



2240 AC – (Anno Mundi 1656) – o dilúvio
Deus decide mandar as águas do dilúvio sobre a terra e eliminar dela tanto homens quanto animais. Mas Noé foi considerado um homem justo e foi escolhido para recomeçar a povoar a terra a partir de sua família. Desta forma, Deus ordena a Noé que construa uma arca e que nela coloque além de sua família um casal de cada espécie de animal vivente dando-lhe as medidas e as instruções necessárias para a construção.
A arca tinha, conforme o relato bíblico contido no capítulo 6 de Gênesis, 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura por 30 côvados de altura. Um côvado, medida antiga fora de uso hoje em dia, teria cerca de 45,62 Cm, e assim, as dimensões da arca seriam equivalentes a 137,16 Mt de comprimento, 22,86 Mt de largura por 13,71 Mt de altura, o que equivale a uma área de mais de 43.000 m3.
Numa outra forma de equivalência, seria comparável, em termos de capacidade a um trem moderno de 1229 vagões de 35 m3 cada um, tamanho de um vagão de carga padrão.
Não se sabe ao certo quantos anos Noé demorou para construir a arca. O livro apócrifo de Jasher, no capítulo 5, versículo 34 afirma que Noé demorou cinco anos para construí-la. Parece um tempo razoável, em que paralelamente se deveria organizar o plantio e reserva de alimentos a serem consumidos por um ano pela família de Noé e pelos animais.
A construção da arca - Francesco Bassano
Gênesis 6:1-3 diz o seguinte: “E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, e viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”.
Algumas interpretações acerca desta passagem reputam que “filhos de Deus” quer referir-se a anjos, que desobedecendo a ordem natural das coisas desceram à terra e possuiram as mulheres de maneira a gerar uma raça híbrida de gigantes, propalada pela “teologia moderna” como sendo os Nephelins. Seria esta a gota d’água que faz com que Deus envie o dilúvio.
Trata-se, no entanto, de mera especulação, fruto de condições atmosféricas adversas, pois como já disse um sábio pastor, muita teologia é feita nos dias chuvosos, porque o mau tempo impede o “teólogo” de sair de casa e ele se ocupa de fazer teologia.
No entanto, conforme o ponto de vista do historiador bíblico John Fok, há que se entender que o capítulo 6 de Gênesis está contextualizado com os capítulos 4 e 5, de maneira que no capítulo 4 vemos o retrato da descendência de Caim, enquanto no capítulo 5, a de Sete, terceiro filho homem de Adão.
Enquanto Moisés chama de “filhas dos homens” as mulheres descendentes de Caim, a descendência de Sete representa uma estirpe que permanece fiel ao Criador, desta forma, nomeada “ filhos de Deus”. Assim, o que retrata Gn 6:3 nada mais é que a conclusão de que as duas estirpes, por iniciativa dos descendentes de Sete, se juntaram, o que não foi tolerado por Deus. A palavra “gigante” que define o fruto de cruzamento destas raças vem originalmente da tradução King James, mas é mais acertadamente traduzida como “decaídos” ou “tiranos”. (John Fok, Old Tetstament Survey, Cap. 2, Pág 51).
Resultam deste versículo duas interpretações possíveis: a primeira que Noé demorou cento e vinte anos para construir a arca, tempo este em que os homens foram avisados de seu destino e não mudaram de atitude; e a segunda, que Deus, além de se decidir a eliminar o homem da face da terra, decidiu também encurtar o seu tempo de vida limitando-o a cento e vinte anos.
A diminuição da vida dos homens vem de fato a acontecer. É interessante notar, que depois do dilúvio, o tempo de vida dos homens passa a ser muito menor do que o de seus ancestrais pré-dilúvicos, mas que esta transformação vai acontecendo gradualmente, como se Deus houvesse de alguma forma forma reprogramado o genoma humano, fazendo com que nosso organismo se estinguisse cada vez mais cedo a ponto de estabelecer a idade de 120 anos como tempo limite de vida para os homens.
O fato de os primeiros homens viverem tanto tempo, perto de mil anos, conforme o relato bíblico, pode parecer uma coisa mitológica ou simbólica aos olhos do homem moderno, mas não é. Vários historiadores antigos o confirmam, não poucos, conforme relata Flávio Josefo: “que muitos que escreveram a história da Grécia como de outras nações, dão este testemunho. Maneton, que escreveu a história dos egípcios, Berose, que nos deixou a dos caldeus, Moco, Hestieu e Jerônimo, o egípcio, que escreveram a dos fenícios dizem também a mesma coisa. Hesíodo, Hecateu, Ascaulila, Helanico, Eforo e Nicolau, referem que estes primeiros homens viviam até mil anos”. (História dos Hebreus – Volume I – Cap 15).
Ainda neste contexto, Josefo nos diz que a longevidade dos primeiros homens foi importante para que estes conhecessem as ciências e a astronomia, o que não seria possível se a vida fosse breve.
Sabe-se com precisão que o ano do dilúvio foi 1656 A.M. Em Gn 9:28 lê-se que “viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinqüenta anos”. Sabe-se também com igual precisão que a da morte de Noé ocorreu no Anno Mundi 2006 aos 950 anos de idade, conforme Gn 9:29 que diz que “foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos, e morreu”.
Somando-se ao nascimento de Noé os 950 anos de sua vida e subtraindo-se os 350 anos que Noé viveu depois do dilúvio temos o Anno Mundi de 1656.
Lemos em Gn 7:11-12 que “no ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”, a ponto de cobrir toda a terra, pois a água chegou a estar acima do nível das montanhas.
Desta forma, todo ser vivente que havia sobre a terra veio a perecer, tanto homens, quanto animais e aves. “Tudo que havia em terra seca, morreu”, de maneira que as águas custaram 150 dias para baixar seu nível e secar a terra. Só depois disto saiu Noé da arca que atracara no topo do Monte Ararate que se localiza na Turquia moderna.
Entre entrar e sair da arca depois do dilúvio passou-se um ano completo e dez dias, entre dia 17 do segundo mês do ano 600 da vida de Noé (Gn 7:11) e 27 do segundo mês do ano 601 de sua vida (Gn 8:14-18)
2239 AC – (Anno Mundi 1657) – secam-se as águas do dilúvio
Conforme Gn 8:13 “aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta”. Trata-se do ano 601 da vida de Noé, cujo valor somado ao seu ano de nascimento nos situa no Anno Mundi 1657.
A história de muitas nações registra à sua maneira este acontecimento. Um deles, a Epopéia de Gilgamesh, a mais antiga referência secular conhecida sobre o assunto, que diz o seguinte: “Cheios de inveja do homem, os deuses resolveram destruir completamente a raça dos mortais, afogando-os. Um deles, no entanto, revelou o segredo a um habitante da terra, seu favorito, ensinando-lhe a construir uma arca para a salvação da sua pessoa e da sua espécie. A inundação imperou durante sete dias, até que toda a terra ficou coberta pela água. Finalmente o turbilhão sossegou e as águas baixaram.
O homem favorito e seus irmãos saíram da arca e ofereceram um sacrifício em ação de graças. Esfomeados, devido à longa privação de alimentos, os deuses “aspiraram o doce cheiro e juntaram-se como moscas sobre o sacrifício”, decidindo nunca mais cometerem a loucura de tentar a destruição do homem. (ORIGENS SUMÉRIAS DA CIVILIZAÇÃO – Historia – Edward McNall Burns – História da Civilização Ocidental Vol. 1)
Quanto aos tempos modernos, Robert Duane Ballard, famoso oceanógrafo pela descoberta dos destroços do Titanic em 1985, do Couraçado Bismarck em 1989 e dos destroços do USS Yorktown em 1998, iniciou no ano 2000 uma pesquisa financiada pela National Geographic que descobriu no fundo do Mar Negro, próximo à Turquia, um assentamento humano, conforme seus cálculos, de cerca de 7.500 anos.
De acordo com suas palavras, “se for confirmada a relação entre o assentamento humano – e, talvez, a cidade submersa – com o dilúvio universal bíblico, será a maior descoberta de todos os tempos”. A pesquisa está ainda em curso (2010).
Embora distante cerca de cinco mil anos da data bíblica do dilúvio, não deixa ainda assim de ser admirável a colocação do dilúvio numa data tão próxima à data bíblica, uma vez que outros pesquisadores, ainda num passado recente, costumam localizar acontecimentos milhões de anos antes. É sem dúvida um progresso.
A arca de Noé é um tema que tem fascinado arqueólogos e pesquisadores desde os séculos antigos. Muitas teorias a favor e contra o dilúvio foram levantadas desde então.
Independente da crença num dilúvio universal, como relata a Bíblia, ou num dilúvio local, restrito à Mesopotâmia, como querem outros, o fato é que a ciência concorda que ele aconteceu e numa data próxima ao relato bíblico.
Poderíamos continuar a falar sobre este tema por muitas e muitas páginas, mas não é nosso propósito. Há teorias sobre uma inclinação mínima do eixo da terra que causaria tal inundação, ou pela vontade divina ou por um cometa que passasse próximo ao planeta, ou ainda o degelo das calotas polares que poderia fazer subir o nível das águas dos mares a 150 metros de altura e outras tantas. Vale a pena você mesmo empreender a sua pesquisa sobre o assunto.

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