sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

CRONOLOGIA -10- O NASCIMENTO DE ISAQUE


O NASCIMENTO DE ISAQUE

1848 AC – (Anno Mundi 2048) – nascimento de Isaque
Através de Gn 21:5 nos localizamos com absoluta certeza no Anno Mundi 2048, pois ali é registrado o nascimento de Isaque. “Era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque seu filho”, resultado de (1948 + 100). Isaque veio a nascer 14 anos depois de Ismael e Abraão habitava em Canaã já havia 25 anos.
1847 AC – (Anno Mundi 2049) – morte de Serugue
Gênesis relata a morte de Serugue, bisavô de Abraão, no Anno Mundi 2049, aos duzentos e trinta anos de idade, duzentos anos depois de haver gerado Naor, pai de Abraão (1849 + 200).
1843 AC – (Anno Mundi 2053) – expulsão de Agar e Ismael
Conforme Gn 21:8, quando Isaque foi desmamado, cerca de cinco anos depois de seu nascimento, por conta de conflitos entre suas duas mulheres, mães de seus dois filhos, Sara pede a Abraão que expulse Agar e Ismael de seu convívio.
Este pedido pareceu mal a Abraão, mas Deus o orientou a fazer conforme Sara lhe pedira, pois a aliança feita entre Deus e Abraão teria continuidade com Isaque, e não com Ismael, de maneira que “se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no deserto de Berseba”. (Gn 21:14).
Há, no capítulo 21 de Jasher, alguns relatos interessantes sobre Ismael. Segundo Jasher, Ismael tornou-se arqueiro e habitou no deserto, tendo sido abençoado por Deus com muito gado, por consideração a Abraão, seu pai.
Jasher explica, por exemplo, que o pedido de Sara a Abraão para que expulsasse Agar e seu filho deveu-se a ela ter presenciado uma cena, quando Ismael tinha dezenove anos e Isaque cinco, em que Ismael chegou a entesar o arco e colocar nele uma fecha para atingir Isaque. Desta forma Sara não teve alternativa senão a de fazer o que fez.
Jasher relata outro fato interessante, que no tempo apropriado, Agar, mãe de Ismael, tomou-lhe uma esposa egípcia que lhe deu quatro filhos e duas filhas. Passado muito tempo, certo dia Abraão resolveu visitar Ismael no deserto encontrando por fim sua tenda. Não estavam nem Ismael nem Agar, mas somente a esposa egípcia de Ismael e seus filhos.
Como Abraão houvesse prometido a Sara que não desceria de seu camelo, pediu à nora, sem dizer quem era, um pouco de água, ao que ela respondeu que não havia nem água nem pão para lhe oferecer. Abraão permaneceu por um pouco tempo à espera de seu filho, e assim, pode perceber que a mulher, já dentro da tenda, batia nos filhos e amaldiçoava Ismael.
Abraão chamou então a mulher para fora e deu-lhe a seguinte instrução: “quando chegar Ismael, diz-lhe que esteve aqui à sua procura um homem muito velho com tal aparência, que veio da terra dos filisteus, mas não disse quem era. Diz também a ele que jogue fora o prego que ele colocou dentro de sua tenda e arranje outro melhor”.
Quando Ismael retornou, a mulher lhe disse tal e qual Abraão lhe instruíra, de tal forma que Ismael entendeu que se tratava de seu pai, e que sua esposa o tratara com desonra. Despediu então a mulher e tempos depois se casou com outra.
Anos depois a estória se repete, desta vez com a nova esposa. Esta, porém, com um procedimento muito diferente da primeira, ofereceu a Abraão, sem saber que se tratava de seu sogro, água e pão para que este se reconfortasse da longa viagem, de maneira que na hora da despedida, Abraão pede também a ela que transmita um recado a Ismael: “Diz a Ismael que passou à sua procura um homem muito velho, vindo da terra dos filisteus, que não disse quem era. Dei-lhe pão e água para que se reconfortasse da viagem e ele lhe deixou um recado: que o novo prego que puseste na tenda é muito bom e que você nunca o jogue fora”.
Tempos depois, ainda conforme Jasher, Ismael visitou seu pai na terra dos filisteus, trazendo a nova esposa e os filhos e permaneceu com Abraão por muitos anos.
1843 AC a 1822 AC – (2053 A.M. a 2074 A.M.)
Conforme Gn 11:23, Abraão peregrinou pela terra dos filisteus por muitos anos, vindo depois disto a mudar-se para Berseba, no sul de Israel, e depois para Hebrom.
1822 AC – (Anno Mundi 2074) – nascimento de Rebeca
Esta informação não está na Bíblia, mas é bastante consistente. Gênesis omite as datas de nascimento e morte de Rebeca. De acordo com Jasher, Rebeca teria nascido no Anno Mundi 2074.
Chega-se a esta data da seguinte maneira: de acordo com Jasher 36:3-6, Rebeca teria falecido quando Jacó tinha noventa e nove anos de idade, portanto, no Anno Mundi 2.207.
Ainda de acordo com Jasher, Rebeca teria cento e trinta e três anos quando faleceu. Desta forma, subtraindo-se 133 de 2.207, temos o ano de seu nascimento em 2.074 A.M.
1813 AC – (Anno Mundi 2083) – morte de Tera, pai de Abraão
No Anno Mundi 2083, morreu na cidade de Harã, Tera, pai de Abraão, aos 205 anos de idade. Abraão tinha então 135 anos, e já se havia passado precisamente 60 anos depois de haver Abraão e sua família terem deixado Tera vivo em Harã para seguir viagem para a Palestina, conforme a ordem de Deus.
Sabemos que Tera morreu no Anno Mundi 2083 (Gn 11:32) somando sua idade ao ano de seu nascimento (1878 + 205), tendo vivido, portanto, até que Isaque tivesse completado 35 anos de idade.

CRONOLOGIA -9- SODOMA E GOMORRA


SODOMA E GOMORRA
1848 AC – (Anno Mundi 2048) – destruição de Sodoma e Gomorra
Foi por volta desta época, entre a circuncisão de Abraão e o nascimento de Isaque, que Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra.
Ló, sobrinho de Abraão habitava em Sodoma e por concessão de Deus, ele e sua família foram evacuados da cidade indo buscar refúgio em Zoar, isto por volta do Anno Mundi de 2048.

Ló passou a habitar nas regiões altas de Zoar. Sua esposa, como se sabe, transformou-se numa estátua de sal ao desobedecer as ordens de Deus quando voltou-se para ver o que sucedia nas cidades.
Ló vivia com suas filhas que não haviam produzido descendentes de seus maridos. Consideraram estas, que em sua família não havia homens que sucedessem a seu pai, e resolvem embriagar Ló para gerarem elas próprias filhos de seu pai: “E a primogênita deu à luz um filho, e chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas até ao dia de hoje. E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje. (Gn 19:37-38)
De Ló, portanto, procederam estas duas nações, a saber, os amonitas e os moabitas, cuja relação com Israel virá a ser bastante tempestuosa a ponto de Moisés escrever uma lei no Deuteronômio proibindo que amonitas e moabitas pudessem entrar na congregação do Senhor (Dt 23:3) ao mesmo tempo em que sabemos que o grande rei Davi é neto de Rute, uma moabita.
No Livro de Jasher há um comentário interessante a respeito da atitude das filhas de Ló: diz Jasher que ao saírem de Sodoma vieram a se refugiar em uma caverna. Nos dias que se seguiram, vendo que as cidades haviam sido destruídas, imaginaram que todo o mundo o fora também, e que, portanto, haviam restado somente eles e desta forma, a continuidade de sua espécie dependeria da procriação com o próprio pai.

CRONOLOGIA -8- O NASCIMENTO DE ISMAEL


O NASCIMENTO DE ISMAEL

Os eventos ocorridos entre 2023 A.M, época da partida de Abrão para o Egito, e 2034 A.M., ano de nascimento de seu filho Ismael, não podem ser datados com precisão, pois não há relato de suas datas no Gênesis. Faremos, portanto, apenas o registro dos acontecimentos deste intervalo de tempo de 11 anos.
De Siquém Abrão segue para Betel onde edifica um altar ao Senhor e depois disto vai para Neguebe. Havia escassez de comida na região naquela época, o que obriga Abrão a se dirigir ao Egito em busca de alimentos para sua família.
Sarai era uma mulher extremamente bonita, e por esta razão, o rei do Egito vem a desejá-la e de fato chega a tomá-la de Abrão pelo fato deste haver mentido sobre a sua condição de sua esposa, dizendo que se tratava de sua irmã.
Sarai, no conceito de família praticado na época, seria de fato irmã de Abrão, conforme ele mesmo se explica em Gn 20:12: “E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher”.Sarai era filha de Harã, o irmão falecido de Abrão. Era, portanto, irmã de Ló, e assim, de fato, sobrinha de Abrão. Como era solteira no tempo em que seu pai faleceu, Terá, pai de Abraão a tomou como filha até que se casasse, sendo, por esta razão, considerada irmã de Abrão.
Mas Deus não permitiu que o rei a tocasse e puniu-o severamente, de maneira que Faraó a devolveu a Abrão, queixando-se a este, que por causa da mentira sobre Sarai, fora causado este mal entendido a todos.
Faraó despede Abrão dando a ele e a Sarai muitos presentes. Segundo o relato livro apócrifo de Jasher, entre os presentes recebidos estava Agar, filha de Faraó com uma de suas concubinas, que foi dada por serva a Sarai. Como se sabe, Agar será mãe de Ismael, primeiro filho de Abrão.
Abrão retorna ao sul de Canaã, a Neguebe, local situado entre Gaza e o Mar Morto. Ali, por conta de uma contenda entre seus pastores, os de Ló e alguns cananeus, ambos resolvem estabelecer-se em regiões diferentes: Ló escolhe as campinas férteis do Rio Jordão, perto de Sodoma e Abrão segue para o local onde será um dia construída a cidade de Hebrom.
A escolha egoísta de Ló não foi favorecida pelos acontecimentos, pois um pacto entre quatro reis da caldéia, a saber, Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, colocam a região de Sodoma em perigo eminente, pois os reinos ali estabelecidos foram por 12 anos tributários de Quedorlaomer, rei de Elão, e nesta ocasião haviam se rebelado e não pagavam mais os tributos devidos.
Segundo a tradição judaica, Quedorlaomer, rei de Elão, havia recentemente derrotado Ninrode, personagem mencionado no Gênesis (Gn 10:8-9) como sendo um homem poderoso na terra naqueles tempos.
Estes quatro reis fazem, portanto, guerra aos cinco reis da região de Sodoma e os vencem, terminando por saquear suas cidades e levar consigo muito reféns como escravos, entre os quais, Ló, sobrinho de Abrão.
Abrão, quando informado que seu sobrinho havia sido levado, arma seus homens e parte atrás dos invasores, vindo a libertar os cativos e tomando de volta todos os bens pilhados. No caminho de volta a Canaã, Abrão tem um encontro com Melquisedeque, rei de Salém, que era sacerdote de Deus, a quem Abrão pagou o dízimo de tudo que havia recuperado.
Abraão e Melquisedeque - Pierre-Paul Rubens
O Capítulo 7 do Livro de Hebreus (Hb 7:1) assim registra este encontro: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos”.
Tão grande era Melquisedeque, que no livro de Hebreus, Jesus é chamado de sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e não segundo a ordem do levita de Arão.
Antes do nascimento de Ismael, conforme Gn 15:13-16, Deus diz a Abrão que seu povo será escravo por 400 anos e que a quarta geração voltará a Terra Prometida. Estejamos atentos a isto.
1862 AC – (Anno Mundi 2034) – nascimento de Ismael
Conforme Gn 16:16, Abrão tinha 86 anos de idade na época do nascimento de Ismael, portanto, no Anno Mundi de 2034 (1948 + 86).
De Ismael descendem os povos árabes, meio-irmãos, portanto, dos judeus. Por Gn 21:21 sabemos que Ismael virá habitar na região do deserto de Parã; e que sua mãe tomar-lhe-á mulher da sua terra, o Egito, como esposa.
1849 AC – (Anno Mundi 2047) – Deus muda os nomes de Abrão e Sarai
Treze anos depois do nascimento de Ismael, conforme Gn 17:1 e Gn 17:5, quando Abrão tinha 99 anos de idade, Deus muda o nome de Abrão para Abraão, cujo significado é “pai de muitas nações”. Estamos no Anno Mundi 2047, resultado de (1948 + 99). Muda também o nome de Sarai para Sara, cujo significado é “mãe de nações”.
1849 AC – (Anno Mundi 2047) – circuncisão da casa de Abraão
No mesmo ano Abraão, Ismael e todos os homens de sua casa tiveram a carne do prepúcio circuncidada, conforme Gn 17:24-27 iniciando assim o costume de circuncidar entre os descendentes de Abraão todos os homens nascidos em sua casa.

CRONOLOGIA -7- A PROMESSA DE DEUS A ABRÃO


1878 AC – (Anno Mundi 2018) – promessa de Deus a Abrão
Abrão nasceu na caldéia, provavelmente na cidade de Ur. Tinha, conforme vimos, dois irmãos, Harã e Naor. Harã veio a falecer aos oitenta e dois anos de idade e provavelmente por este motivo, Tera, seu pai, tomou sua família decidido a mudar-se para Canaã, conforme Gn11:31-32: “E tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. E foram os dias de Tera duzentos e cinco anos, e morreu Tera em Harã”.
Naor, irmão de Abrão, permaneceu em seu país, onde provavelmente nesta época já vivia em Padã-Arã, cidade onde no futuro Jacó se casará e viverá por vinte anos. Naor será avô de Rebeca, que virá a ser esposa de Isaque, filho de Abrão. Foram na viagem com Tera seu filho Abrão juntamente com sua esposa Sarai e seu sobrinho, Ló, filho de Harã, o irmão falecido.
Por alguma razão Tera não seguiu para Canaã, conforme planejado, vindo a se estabelecer no meio do caminho, na cidade de Harã, onde permaneceu sessenta anos até sua morte no Anno Mundi 2083. A leitura de Gn 12:1, logo a seguir o final do capítulo 11 (31-32) dá-nos a impressão que Abrão deixou Harã em conseqüência da morte de seu pai.
Vejamos o texto: “E tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. E foram os dias de Tera duzentos e cinco anos, e morreu Tera em Harã. Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”.
Estevão, o primeiro mártir cristão, teve também este entendimento. Em At 7:2-4 lemos: “E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora”.
No entanto, Tera viveu em Harã por mais 60 anos após a partida de Abraão para Canaã, conforme confirmam suas datas de nascimento e morte. Mas, atentando-se bem a Gn 12:1, percebe-se claramente que Tera estava vivo quando Deus chama por Abraão, pois lhe ordena que saia da casa de seu pai, o que não faria sentido se Tera houvesse falecido.
Gênesis 12:4 nos informa que Abrão tinha 75 anos de idade quando deixou Harã e seguiu para Canaã.
Tomando-se o nascimento de Abrão somado à sua idade na ocasião, (1948 + 75), concluímos que o chamamento de Abrão para seguir para Canaã deu-se no Anno Mundi 2023. O Livro de Gênesis nos dá esta data com absoluta precisão. Abrão deixou seu pai vivo em Harã e seguiu para Canaã juntamente com seu sobrinho Ló e respectivas famílias.
Neste mesmo ano Abrão chega a Siquem, local onde no futuro será construída uma cidade com este mesmo nome pelo rei Jeroboão, primeiro rei de Israel no tempo do reino dividido. Sabemos, portanto, que Abrão partiu para Canaã no Anno Mundi 2023. No entanto, não podemos concluir que seja esta a data da promessa de Deus a Abraão.
Abraão e os anjos - Rembrandt
A data da promessa de Deus a Abrão é muito importante ser determinada com acuidade, pois dela depende a data do Êxodo de Israel, que veio a ocorrer depois de quatrocentos e trinta anos. Desta forma, para definirmos com precisão a data da promessa de Deus a Abrão, devemos analisar todo o contexto desde os primórdios de Abrão até o Êxodo.
Atribui-se comumente quatrocentos anos como sendo o tempo da escravidão dos hebreus no Egito, um erro comum, visto que os textos bíblicos se referem a este tempo com certa insistência, associando estes anos à escravidão e maltrato do povo de Israel, conforme veremos a seguir. Diga-se de passagem, que ao ser questionado sobre quanto tempo os hebreus foram escravos no Egito, a maioria dos cristãos responde sem pestanejar que foram quatrocentos anos.
No entanto, os quatrocentos anos se referem ao tempo total transcorrido entre o nascimento de Isaque e o Êxodo, assim como os quatrocentos e trinta anos englobam a este período os trinta anos entre a chamada de Abraão e o nascimento de Isaque.
Desta forma, conforme veremos adiante, os quatrocentos e trinta anos se dividem da seguinte forma: duzentos e vinte anos desde a chamada de Abraão até a entrada de Jacó no Egito, mais, duzentos e dez anos desde a entrada no Egito até o Êxodo. A escravidão propriamente dita teria durado entre oitenta e seis e cento e dez anos, conforme veremos ao tratarmos do Êxodo. Vejamos alguns textos que se referem a este tempo:
“Disse (Deus) a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”. (Gn 15:13)
“E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão, e a maltratariam por quatrocentos anos” (At 7:6)
Os dois textos são ambíguos quando lidos desatentamente, possibilitando que o leitor conclua que Israel esteve escravizado no Egito por quatrocentos anos, no entanto, nenhum deles afirma isto. `Ao contrário, os textos dizem duas coisas distintas, tanto um como o outro, que a descendência de Abrão seria peregrina em Canaã, terra de outros povos e que seria sujeita a maus tratos e a escravidão por quatrocentos anos, entre o tempo de peregrinação por Canaã e o fim da escravidão no Egito.
Já no contexto do Êxodo de Israel, Ex 12:40-41 nos diz o seguinte: “O tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que, passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito”.
Temos, portanto, dois tempos distintos, quatrocentos, e quatrocentos e trinta anos. De que trata esta diferença de trinta anos? Trata-se da diferença do tempo compreendido entre a data da promessa de Deus a Abrão o nascimento de Isaque, herdeiro da promessa feita por Deus a Abrão.
Gn 15: 18 nos afirma que Isaque é herdeiro da promessa feita por Deus a Abrão. Vejamos o texto: “Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”.
Vejamos ainda Gn 17:19: “E disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança perpétua para a sua descendência depois dele”.
Vejamos ainda Gn 21:12: “Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência”.
Isaque é o descendente de Abrão, herdeiro da promessa de Deus. É a descendência de Isaque que será primeiramente peregrina em terra alheia, e depois, sujeita à escravidão no Egito. Desta forma, entre o nascimento de Isaque até o Êxodo de Israel se contarão quatrocentos anos, da mesma maneira que da promessa de Deus a Abrão até o Êxodo, se contarão quatrocentos e trinta anos. Como sabemos, Isaque nasceu quando Abraão tinha cem anos de idade, conforme Gn 21:5: “E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque seu filho”.
Passaram-se, portanto, vinte e cinco anos entre o tempo que Abrão chegou a Canaã, com 75 anos de idade, e o tempo do nascimento de Isaque, quando Abraão tinha cem anos de idade. Desta forma, concluímos que a promessa foi feita a Abrão no Anno Mundi 2018, cinco anos antes dele chegar a Canaã. Entre Ex 12:1-3, que trata da promessa feita a Abrão, e o verso 4, que anuncia a partida de Abrão para Canaã, passaram-se cinco anos. Mais detalhes sobre o tempo de escravidão no Egito serão vistos no contexto do Êxodo.

CRONOLOGIA -6- DE BABEL A NOÉ


De Babel a Noé

1901 AC – (Anno Mundi 1995) – Tera parte para Harã
Em Gn 11:31 lê-se: “E tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali”.
A data da ida da família de Tera para Harã é incerta. Pelas informações de Gênesis não se pode datar com precisão pois há um longo período de mais de vinte anos em que poderia ter acontecido.
No entanto, fixamos o Anno Mundi 1995 (1.948 + 47) de acordo com as informações do capítulo 13 do Livro de Jasher (que comentaremos adiante), que informa que Abrão teria 47 anos de idade quando a família deixou Ur em direção a Canaã, vindo a se estabelecer no meio do caminho, em Harã.
Um dos motivos que poderia justificar a parada da família em Harã teria sido a necessidade de recompor o grande rebanho que a família possuía, por se tratar de uma região muito fértil e com boas pastagens.
1900 AC – (Anno Mundi 1996) – morte de Pelegue e Babel
Em Gn 11:19 lê-se que “viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos, e gerou filhos e filhas”, o que coloca a morte de Pelegue no Anno Mundi 1996, somando-se seus anos de vida ao seu ano de nascimento (1757 + 209).
Torre de Babel - Bruegel
Vejamos agora o que a narrativa complementar sobre o nascimento de Pelegue nos tem a dizer, conforme Gn 10:25-29: “E a Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porquanto em seus dias se repartiu a terra, e o nome do seu irmão foi Joctã. E Joctã gerou a Almodá, a Selefe, a Hazarmavé, a Jerá, a Hadorão, a Usal, a Dicla, a Obal, a Abimael, a Sebá, a Ofir, a Havilá e a Jobabe; todos estes foram filhos de Joctã”.
Diz a Bíblia que nos dias de Pelegue a terra foi repartida, o que veio a acontecer por causa da confusão de línguas em Babel. Sabemos, portanto, que Babel aconteceu nos dias de Pelegue.
No entanto, Pelegue viveu duzentos e nove anos e poder-se-ia dizer que Babel teria acontecido em qualquer um deles, mas não, se levarmos em conta que o narrador bíblico nos apontou a data de Babel com exatidão, sobrando, portanto, duas possibilidades, o ano de nascimento de Pelegue ou o de sua morte.
De acordo com a Seder Olam Rabbah, o Rabi Yose datou Babel no ano da morte de Pelegue pela razão de o redator estar fazendo um sumário da vida de Pelegue, onde inclui o fato de seu irmão mais novo, Joctã, conforme o relato bíblico, haver gerado treze filhos, o que torna impossível estar se referindo ao nascimento de Pelegue, mas sim à sua morte. Temos, portanto, que Babel aconteceu no Anno Mundi de 1996, ano da morte de Pelegue.
O Talmude atribui a Eber, pai de Pelegue, a qualificação de grande profeta de Deus, pois deu a seu filho mais velho o nome de Pelegue, que significa “divisão”, referindo-se ao fato de que nos dias de Pelegue a terra seria dividida (Gn 10:25).
Faz sentido a referência, ainda mais se notarmos o significado do nome do outro filho de Eber, Joctã, que significa “encurtar”. Lembremos que em Gn 6:3, conforme o comentário que fazemos no contexto da análise da data do dilúvio, que Deus decide diminuir o tempo de vida dos homens, e este fato pôde ser percebido por Eber nos dias em que gerou seus filhos, pois era evidente que os homens já não viviam o mesmo tempo de seus ancestrais.
Algo tinha de fato acontecido. Arfaxade, o primeiro a nascer depois do dilúvio, permanecerá vivo depois da morte das gerações posteriores a ele, entre os quais, Pelegue e Joctã. Faremos outros comentários a respeito da mudança dos padrões de idade dos homens após o dilúvio mais adiante, quando tratarmos da morte de Arfaxade no Anno Mundi 2096.
1899 AC – (Anno Mundi 1997) – morte de Naor, avô de Abrão
No Anno Mundi de 1997, conforme Gn 11:25, Naor, avô de Abraão, morreu aos 148 anos de idade: “E viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos, e gerou filhos e filhas” (1878 + 119).
1898 AC – (Anno Mundi 1998) – morte de Harã, irmão de Abrão
Este fato não é mencionado na Bíblia. No Anno Mundi de 1998, conforme Jasher 12:37: “E Harã era de oitenta e dois anos de idade quando morreu no fogo de Casdim”, resultado de (1916 + 82).
1890 AC – (Anno Mundi 2006) – morte de Noé
Noé veio a falecer anos depois, no Anno Mundi 2006, aos 950 anos de idade, conforme Gn 9:29 que nos diz que “foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos, e morreu”. (1056 + 950). Noé viveu por mais 350 anos depois do dilúvio.
Temos aqui uma constatação interessante: Abraão foi contemporâneo de Noé por 58 anos, entre os anos 1948 A.M, ano de seu nascimento e 2006 A.M., ano da morte de Noé. De acordo com o Livro de Jasher, Abraão conviveu com Noé por longo tempo, dos 10 aos 49 anos de idade, de quem aprendeu sobre as coisas de Deus.

CRONOLOGIA- 5- A SEBER OLAN RABBAH


Trata-se de uma crônica escrita em hebraico por volta do ano 160 D.C. majoritariamente pelo rabino Yose ben Halafta e por discípulos de sua escola, cujo propósito foi datar eventos bíblicos de Adão até o período persa.
Hoje já se encontra facilmente cópias recentes deste livro, além de muitas referências a ele. O próprio Talmude recorre à Serder Olam Rabbah para definir datas importantes da história do judaísmo.
Até um certo ponto da história dos hebreus é possível, a título de conferência de datas, recorrer à Seder Olam. Já dentro do período persa ou na fase helênica (influência grega) da história de Israel, ou mesmo antes, dá-se conta da impossibilidade de seu uso pelo advento dos “anos faltantes” no calendário hebraico, algo entre 130 a 165 anos.
Falaremos mais adiante sobre estes “anos faltantes”, mas por ora basta saber que que uma diminuição proposital significativa na duração do período persa causou a falta deste tempo no calendário em uso pelos judeus.
De qualquer maneira, os princípios ali utilizados são muito úteis quando se refere a encontrar datas não muito claras na Bíblia. O trabalho do Rabi Yose ben Halafta data os principais eventos do Antigo Testamento, além de acontecimentos não claramente indicados na Bíblia.
Um dos princípios que foram sabiamente adotados pelo Rabi Yose, foi o de assumir que o autor bíblico teve, sempre que possível, a intenção de datar os eventos com precisão. A máxima do Rabi Yose é esta: “A Escritura veio para esclarecer, não para confundir”.
Embora a datação da Seder Olam seja corretíssima até certo ponto da história, é ela também a responsável pelos anos faltantes do calendário judaico, sendo, desta forma, responsável pelo desvio de milhões de judeus do conhecimento de Jesus como Messias, o que invalida, sobre qualquer ponto de vista, seu próprio objetivo de esclarecer os eventos bíblicos ao invés de confundir.
Veremos um exemplo de utilização da metodologia do Rabi Yose quando se trata de datar os acontecimentos da Torre de Babel.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

CRONOLOGIA BÍBLICA -4- O NASCIMENTO DE ABRAÃO


O NASCIMENTO DE ABRÃO (ABRAÃO)

Abraão é uma figura extraordinária e é o ponto inicial do plano de Deus para trazer ao mundo Jesus Cristo. Jesus, como se sabe, era judeu, e como tal, era descendente de Abraão, o patriarca da nação de Israel. Jesus bem poderia ter nascido na Caldéia ou em qualquer outra nação já estabelecida no mundo antigo, mas aprouve a Deus criar um povo, para que deste povo nascesse o redentor da humanidade.
É preciso considerar que após o dilúvio, a humanidade retomou o mesmo destino que a havia levado à destruição. Os homens prosseguiram pelo mesmo mau caminho de antes praticando toda a sorte de atos ofensivos a Deus e ao seu semelhante. O plano de Deus é separar um homem justo e a partir deste homem criar uma nação da qual nascerá Jesus.
Quando falamos que a humanidade em geral era má naquele tempo, pode parecer que estamos nos referindo a criaturas muito diferentes do homem de hoje, de nós mesmos, mas não, trata-se da mesma matéria prima. É este o destino do homem natural, daí o plano de Deus de trazer Jesus ao mundo para mudar o coração do homem, não simplesmente para que ele se torne bom, mas para viver conforme a vontade do Criador.
Abraão, bem como seus descendentes, os judeus, são semitas, descendentes de Sem, filho de Noé. Para nos dar a data exata do nascimento de Abraão, a Bíblia nos relata um a um seus ancestrais conforme vemos a seguir:
2238 AC – (Anno Mundi 1658) – nascimento de Arfaxade
Em Gn 11:10 lemos que “ Sem era da idade de cem anos e gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio”, portanto, nos situamos no Anno Mundi 1658, resultado de (1656 + 2). Arfaxade é o primeiro homem nascido depois do dilúvio.
2203 AC – (Anno Mundi 1693) – nascimento de Selá
Em Gn 11:12 temos que “viveu Arfaxade trinta e cinco anos, e gerou a Selá”, portanto no Anno Mundi 1693, resultado de (1658 + 35).
2173 AC – (Anno Mundi 1723) – nascimento de Eber
“E viveu Selá trinta anos, e gerou a Éber”, conforme Gn 11:14, o que nos situa no Anno Mundi 1723, resultado de (1693 + 30).
2139 AC – (Anno Mundi 1757) – nascimento de Pelegue
“E viveu Éber trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue”, conforme Gn 11:16, no Anno Mundi 1757, resultado de (1723 + 34).
2109 AC – (Anno Mundi 1787) – nascimento de Reú
“E viveu Pelegue trinta anos, e gerou a Reú.”, conforme Gn 11:18, no Anno Mundi 1787, resultado de (1757 + 30).
2077 AC – (Anno Mundi 1819) – nascimento de Serugue
“E viveu Reú trinta e dois anos, e gerou a Serugue”, conforme Gn 11:20, no Anno Mundi 1819, resultado de (1787 + 32).
2047 AC – (Anno Mundi 1849) – nascimento de Naor, avô de Abrão
“E viveu Serugue trinta anos, e gerou a Naor”, avô de Abraão, conforme Gn 11:22, no Anno Mundi 1849, resultado de (1819 + 30).
2018 AC – (Anno Mundi 1878) – nascimento de Tera, pai de Abrão
“E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou a Tera”, pai de Abraão, conforme Gn 11:24, no Anno Mundi 1878, resultado de (1849 + 29).
1980 AC – (Anno Mundi 1916) – nascimento de Naor e Harã
Gênesis não faz qualquer menção cronológica aos irmãos de Abraão, mas o Livro de Jasher relata de forma precisa não só as datas de nascimento, mas também as mortes de ambos em duas passagens distintas.
Vejamos Jasher 24:27: “E Naor, filho de Tera, irmão de Abrão, morreu naqueles dias, no quadragésimo ano da vida de Isaque, e todos os dias de Naor foram cento e setenta e dois anos, e morreu, e foi enterrado em Harã”.
Quanto a Harã, Jasher 12:16 no diz o seguinte: “E Tera ficou grandemente aterrorizado na presença do rei e disse ao rei: foi Harã, meu filho mais velho, que me aconselhou a isto; e Harã tinha, nos dias do nascimento de Abrão, trinta e dois anos”. Subtraindo-se 32 anos do ano de nascimento de Abraão, temos o Anno Mundi 1.916.
Isaque, como veremos adiante, nasceu em 2.048 A.M. Teria 40 anos em 2.088 A.M. (2048 + 40). Subtraindo-se 172, idade de Naor quando faleceu, de 2.088, data em que Isaque teria 40 anos, temos que Naor nasceu em 1.916 A.M.
Conclui-se, desta forma, que ambos nasceram no mesmo ano, sendo gêmeos.
Para conclusão do cálculo das datas de Naor, Harã e Ló deve-se consultar o cálculo da data de nascimento de Isaque mais adiante.
1949 AC – (Anno Mundi 1947) – nascimento de Ló
Quanto a Ló, Jasher 24:22 diz o seguinte: “E Ló, filho de Harã, também morreu naqueles dias, no trigésimo nono ano da vida de Isaque, e todos os dias que Ló viveu foram cento e quarenta anos e morreu”.
Temos, portanto, que Ló nasceu um ano antes de Abraão, no Anno Mundi 1.947, resultado de (2048 + 39) – 140.
Para fins ilustrativos, colocamos na cronologia as datas referentes a Naor, Harã e Ló, deixando claro que as mesmas não impactam nem estão em desacordo com as datas estabelecidas em Gênesis.
1948 AC – (Anno Mundi 1948) – nascimento de Abrão
Conforme Gn 11:26: “E viveu Tera setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã”, , no Anno Mundi 1948, resultado de (1978 + 70). Abrão é a 10ª geração depois de Noé, nascido 292 anos depois do dilúvio e 48 antes dos acontecimentos da Torre de Babel.
Curiosamente tanto a data gregoriana de seu nascimento, quanto o Anno Mundi coincidem em 1948. É o único caso que conseguimos observar em toda cronologia.
Isto implica que temos de Adão até Abraão 1948 anos; De Abrão até o Ano Domini, ano 1 da nossa era, outros 1948 anos; Do ano 1 até o reestabelecimento do Estado de Israel moderno, outros 1948.
Embora Gênesis relate na mesma data o nascimento dos tres irmãos, sabemos que o redator se refere à Abrão, pois é ele, neste ponto da narrativa, o ator principal de Gênesis. Aliás, todo o relato das gerações posteriores ao dilúvio objetiva unicamente datar o nascimento de Abraão.
1938 AC – (Anno Mundi 1958) – nascimento de Sarai
Sarai era 10 anos mais jovem que Abrão, conforme lemos em Gn 17:17: “Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa anos?”, portanto, nascida no Anno Mundi 1958.


CRONOLOGIA BÍBLICA -3- O DILÚVIO



2240 AC – (Anno Mundi 1656) – o dilúvio
Deus decide mandar as águas do dilúvio sobre a terra e eliminar dela tanto homens quanto animais. Mas Noé foi considerado um homem justo e foi escolhido para recomeçar a povoar a terra a partir de sua família. Desta forma, Deus ordena a Noé que construa uma arca e que nela coloque além de sua família um casal de cada espécie de animal vivente dando-lhe as medidas e as instruções necessárias para a construção.
A arca tinha, conforme o relato bíblico contido no capítulo 6 de Gênesis, 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura por 30 côvados de altura. Um côvado, medida antiga fora de uso hoje em dia, teria cerca de 45,62 Cm, e assim, as dimensões da arca seriam equivalentes a 137,16 Mt de comprimento, 22,86 Mt de largura por 13,71 Mt de altura, o que equivale a uma área de mais de 43.000 m3.
Numa outra forma de equivalência, seria comparável, em termos de capacidade a um trem moderno de 1229 vagões de 35 m3 cada um, tamanho de um vagão de carga padrão.
Não se sabe ao certo quantos anos Noé demorou para construir a arca. O livro apócrifo de Jasher, no capítulo 5, versículo 34 afirma que Noé demorou cinco anos para construí-la. Parece um tempo razoável, em que paralelamente se deveria organizar o plantio e reserva de alimentos a serem consumidos por um ano pela família de Noé e pelos animais.
A construção da arca - Francesco Bassano
Gênesis 6:1-3 diz o seguinte: “E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, e viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”.
Algumas interpretações acerca desta passagem reputam que “filhos de Deus” quer referir-se a anjos, que desobedecendo a ordem natural das coisas desceram à terra e possuiram as mulheres de maneira a gerar uma raça híbrida de gigantes, propalada pela “teologia moderna” como sendo os Nephelins. Seria esta a gota d’água que faz com que Deus envie o dilúvio.
Trata-se, no entanto, de mera especulação, fruto de condições atmosféricas adversas, pois como já disse um sábio pastor, muita teologia é feita nos dias chuvosos, porque o mau tempo impede o “teólogo” de sair de casa e ele se ocupa de fazer teologia.
No entanto, conforme o ponto de vista do historiador bíblico John Fok, há que se entender que o capítulo 6 de Gênesis está contextualizado com os capítulos 4 e 5, de maneira que no capítulo 4 vemos o retrato da descendência de Caim, enquanto no capítulo 5, a de Sete, terceiro filho homem de Adão.
Enquanto Moisés chama de “filhas dos homens” as mulheres descendentes de Caim, a descendência de Sete representa uma estirpe que permanece fiel ao Criador, desta forma, nomeada “ filhos de Deus”. Assim, o que retrata Gn 6:3 nada mais é que a conclusão de que as duas estirpes, por iniciativa dos descendentes de Sete, se juntaram, o que não foi tolerado por Deus. A palavra “gigante” que define o fruto de cruzamento destas raças vem originalmente da tradução King James, mas é mais acertadamente traduzida como “decaídos” ou “tiranos”. (John Fok, Old Tetstament Survey, Cap. 2, Pág 51).
Resultam deste versículo duas interpretações possíveis: a primeira que Noé demorou cento e vinte anos para construir a arca, tempo este em que os homens foram avisados de seu destino e não mudaram de atitude; e a segunda, que Deus, além de se decidir a eliminar o homem da face da terra, decidiu também encurtar o seu tempo de vida limitando-o a cento e vinte anos.
A diminuição da vida dos homens vem de fato a acontecer. É interessante notar, que depois do dilúvio, o tempo de vida dos homens passa a ser muito menor do que o de seus ancestrais pré-dilúvicos, mas que esta transformação vai acontecendo gradualmente, como se Deus houvesse de alguma forma forma reprogramado o genoma humano, fazendo com que nosso organismo se estinguisse cada vez mais cedo a ponto de estabelecer a idade de 120 anos como tempo limite de vida para os homens.
O fato de os primeiros homens viverem tanto tempo, perto de mil anos, conforme o relato bíblico, pode parecer uma coisa mitológica ou simbólica aos olhos do homem moderno, mas não é. Vários historiadores antigos o confirmam, não poucos, conforme relata Flávio Josefo: “que muitos que escreveram a história da Grécia como de outras nações, dão este testemunho. Maneton, que escreveu a história dos egípcios, Berose, que nos deixou a dos caldeus, Moco, Hestieu e Jerônimo, o egípcio, que escreveram a dos fenícios dizem também a mesma coisa. Hesíodo, Hecateu, Ascaulila, Helanico, Eforo e Nicolau, referem que estes primeiros homens viviam até mil anos”. (História dos Hebreus – Volume I – Cap 15).
Ainda neste contexto, Josefo nos diz que a longevidade dos primeiros homens foi importante para que estes conhecessem as ciências e a astronomia, o que não seria possível se a vida fosse breve.
Sabe-se com precisão que o ano do dilúvio foi 1656 A.M. Em Gn 9:28 lê-se que “viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e cinqüenta anos”. Sabe-se também com igual precisão que a da morte de Noé ocorreu no Anno Mundi 2006 aos 950 anos de idade, conforme Gn 9:29 que diz que “foram todos os dias de Noé novecentos e cinqüenta anos, e morreu”.
Somando-se ao nascimento de Noé os 950 anos de sua vida e subtraindo-se os 350 anos que Noé viveu depois do dilúvio temos o Anno Mundi de 1656.
Lemos em Gn 7:11-12 que “no ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”, a ponto de cobrir toda a terra, pois a água chegou a estar acima do nível das montanhas.
Desta forma, todo ser vivente que havia sobre a terra veio a perecer, tanto homens, quanto animais e aves. “Tudo que havia em terra seca, morreu”, de maneira que as águas custaram 150 dias para baixar seu nível e secar a terra. Só depois disto saiu Noé da arca que atracara no topo do Monte Ararate que se localiza na Turquia moderna.
Entre entrar e sair da arca depois do dilúvio passou-se um ano completo e dez dias, entre dia 17 do segundo mês do ano 600 da vida de Noé (Gn 7:11) e 27 do segundo mês do ano 601 de sua vida (Gn 8:14-18)
2239 AC – (Anno Mundi 1657) – secam-se as águas do dilúvio
Conforme Gn 8:13 “aconteceu que no ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, as águas se secaram de sobre a terra. Então Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta”. Trata-se do ano 601 da vida de Noé, cujo valor somado ao seu ano de nascimento nos situa no Anno Mundi 1657.
A história de muitas nações registra à sua maneira este acontecimento. Um deles, a Epopéia de Gilgamesh, a mais antiga referência secular conhecida sobre o assunto, que diz o seguinte: “Cheios de inveja do homem, os deuses resolveram destruir completamente a raça dos mortais, afogando-os. Um deles, no entanto, revelou o segredo a um habitante da terra, seu favorito, ensinando-lhe a construir uma arca para a salvação da sua pessoa e da sua espécie. A inundação imperou durante sete dias, até que toda a terra ficou coberta pela água. Finalmente o turbilhão sossegou e as águas baixaram.
O homem favorito e seus irmãos saíram da arca e ofereceram um sacrifício em ação de graças. Esfomeados, devido à longa privação de alimentos, os deuses “aspiraram o doce cheiro e juntaram-se como moscas sobre o sacrifício”, decidindo nunca mais cometerem a loucura de tentar a destruição do homem. (ORIGENS SUMÉRIAS DA CIVILIZAÇÃO – Historia – Edward McNall Burns – História da Civilização Ocidental Vol. 1)
Quanto aos tempos modernos, Robert Duane Ballard, famoso oceanógrafo pela descoberta dos destroços do Titanic em 1985, do Couraçado Bismarck em 1989 e dos destroços do USS Yorktown em 1998, iniciou no ano 2000 uma pesquisa financiada pela National Geographic que descobriu no fundo do Mar Negro, próximo à Turquia, um assentamento humano, conforme seus cálculos, de cerca de 7.500 anos.
De acordo com suas palavras, “se for confirmada a relação entre o assentamento humano – e, talvez, a cidade submersa – com o dilúvio universal bíblico, será a maior descoberta de todos os tempos”. A pesquisa está ainda em curso (2010).
Embora distante cerca de cinco mil anos da data bíblica do dilúvio, não deixa ainda assim de ser admirável a colocação do dilúvio numa data tão próxima à data bíblica, uma vez que outros pesquisadores, ainda num passado recente, costumam localizar acontecimentos milhões de anos antes. É sem dúvida um progresso.
A arca de Noé é um tema que tem fascinado arqueólogos e pesquisadores desde os séculos antigos. Muitas teorias a favor e contra o dilúvio foram levantadas desde então.
Independente da crença num dilúvio universal, como relata a Bíblia, ou num dilúvio local, restrito à Mesopotâmia, como querem outros, o fato é que a ciência concorda que ele aconteceu e numa data próxima ao relato bíblico.
Poderíamos continuar a falar sobre este tema por muitas e muitas páginas, mas não é nosso propósito. Há teorias sobre uma inclinação mínima do eixo da terra que causaria tal inundação, ou pela vontade divina ou por um cometa que passasse próximo ao planeta, ou ainda o degelo das calotas polares que poderia fazer subir o nível das águas dos mares a 150 metros de altura e outras tantas. Vale a pena você mesmo empreender a sua pesquisa sobre o assunto.

CRONOLOGIA BÍBLICAS- 2- O LIVRO DE JASHER


(Os artigos deste estudo são de autoria de José Fabbri. Estamos autorizados por escrito a publicar esse valoroso estudo bíblico. Ao término dos 150 capítulos, forneceremos maiores informações)

O Livro de Jasher é um apócrifo que relata de forma paralela ao Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia), os eventos ocorridos entre a criação do homem e os dias de Josué. Pode ser facilmente encontrado na Internet para download ou ser adquirido impresso na língua inglesa no site Amazon.com.
Em termos cronológicos, Jasher é um escrito posterior ao Êxodo, conforme relata ele próprio em seu capítulo 73 (Jasher 73:28-29): “E Balaão, o mágico, quando viu que a cidade fora tomada, abriu o portão, e ele e seus dois filhos, e oito irmãos, fugiram e retornaram ao Egito, a Faraó, rei do Egito. Estes são os feiticeiros e mágicos que são mencionados no Livro da Lei, que ficaram contra Moisés quando o Senhor trouxe as pragas ao Egito”. O Livro da Lei, neste caso, se refere ao Êxodo, onde se relatam os dez mandamentos.
Jasher é mencionado diretamente duas vezes no Antigo Testamento, a saber, em Js 10:13: “E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro”; Em 2 Sm 1:18: “Dizendo ele que ensinassem aos filhos de Judá o uso do arco. Eis que está escrito no livro de Jasher”.
Há também ao menos uma referência não direta ao mesmo livro no Novo Testamento, em II Tm 3:8 que relata: “como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”. Estes personagens não são mencionados em nenhuma passagem do Antigo Testamento, mas eram conhecidos de Paulo, que tinha, portanto, tido acesso ao Livro de Jasher, onde o assunto é detalhado no seu capítulo 79.
É bom que se mencione que Jasher merece o título de apócrifo, pois há nele, inúmeros textos que claramente indicam sua falta de inspiração, uma vez que reporta usos e costumes contrários à lei de Moisés, quando relata casos de necromancia, feitiçaria, lendas, controle sobre a mente de demônios, entre outros.
Em termos cronológicos, no entanto, quando sincronizado com os eventos datados na Bíblia, Jasher é absolutamente correto e desta forma, pedimos ao leitor licença para utilizá-lo, certo de que entenderá que não tentamos utilizar de forma tendenciosa qualquer informação nele contida, mas sim, aproveitar as informações valiosas nele contidas.
Há relatos bíblicos, por exemplo, em Gênesis, que não se encontram em Jasher e vice-versa. Quanto aos relatos coincidentes, as datas são absolutamente as mesmas. Jasher parece uma redação baseada nos escritos do Pentateuco, acrescida de relatos que possivelmente vieram da cultura oral dos hebreus, que como em qualquer outra cultura, faz agregar à história, as crendices e exageros naturais do folclore.
Não deve por isto ser desprezado, pois acaba por esclarecer ou ao menos lançar luzes sobre certos fatos pouco detalhados na Bíblia, fatos estes, que se por sua vez não forem o retrato da verdade, são no mínimo uma boa sugestão sobre o que pode realmente ter acontecido. Exemplo: Sara, depois do nascimento de Isaque pede que Abraão se livre de Agar e Ismael, no que Abraão lhe ouve, conforme relato de Gn 21.
Em Gênesis, tal relato nos dá a impressão de ser uma atitude de uma mulher ciumenta e de pouca paciência, mas Jasher esclarece o fato mostrando que Ismael tencionava matar Isaque, fato que foi presenciado por Sara, que não teve outra alternativa senão fazer o que fez.
Outro exemplo trata de um acontecimento ocorrido quando Moisés retornava ao Egito a fim de libertar o povo, conforme Gn 4:24-26: “E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o Senhor o encontrou, e o quis matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, e circuncidou o prepúcio de seu filho, e lançou-o a seus pés, e disse: Certamente me és um esposo sanguinário. E desviou-se dele. Então ela disse: Esposo sanguinário, por causa da circuncisão”.
Segundo Jasher, Moisés tomara Zípora, sua esposa, e seus dois filhos, Gerson, o primogênito, e Eliezer, o mais novo, e no caminho para o Egito encontra-se com um anjo do Senhor que tenta matá-lo.
Jasher explica que Moisés havia circuncidado Eliezer, o mais novo, mas não circuncidara Gerson, seu primogênito, por conta de um costume aprendido na casa de Faraó onde fora criado, rompendo desta forma o pacto feito por Deus com Abraão, razão pela qual o anjo se opõe a ele. Zípora circuncida seu filho livrando Moisés das mãos do anjo. Há muitos outros eventos em Jasher que têm este mesmo valor.
Por fim é importante dizer que Jasher não impacta esta cronologia, apenas presta esclarecimentos a alguns fatos, assim como duas outras fontes que usaremos constantemente, a saber, o Talmude e a Seder Olam Rabbah (livro de datas dos judeus), sobre os quais faremos comentários mais adiante.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Mensagem (19/12/12)



Nesta madrugada(19/12/12) acordei como se recebendo uma MENSAGEM do Senhor. Tentei dormir novamente, mas a "tal" mensagem estava "acesa" em minha mente. Resolvi dar vazão e desenvolvimento a Mensagem, seu teor era bastante profundo e trazia no seu bojo: Exortação, Edificação e consolação. 
Tinha um cunho evangelístico mas dava maior ênfase a "pessoas já crentes". Pelo menos por duas horas escrutinei (acordado) a Mensagem e me vinha a mente muitas referencias bíblicas de cada fato ou passagem que ilustrava a Mensagem. Decidi que eu PREGARIA a "tal" Mensagem para a primeira pessoa que eu visse na manhã seguinte. Depois de me convencer que teria que pregar a Mensagem para a primeira pessoa, consegui adormecer. Acordei bem disposto e com a mensagem bem avivada em minha mente. Fazendo o asseio diário vi minha imagem refletida no ESPELHO.

OPA! essa era a primeira pessoa que eu encontrei, então entendi que a Mensagem era REALMENTE PARA MIM.

Obrigado Senhor Jesus.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CRONOLOGIA 1-De Adão a Matusalém


De Adão a Matusalém.  O relato das datas que veremos a seguir, entre a criação do homem e a morte de Matusalém, embora possa parecer uma coisa secundária, pois descreve apenas nascimentos e mortes de pessoas, é, na verdade, fundametal para o cálculo de todas as datas contidas na Bíblia. Faltasse qualquer uma delas não seria possível nenhum cálculo de datas na Bíblia, ainda mais que o referido trecho cronológico nos fala dos ancestrais de Jesus reportados no Evangelho de Lucas. Enquanto Mateus nos dá a genealogia de José, marido de Maria, pai de Jesus por adoção, mostrando seu direito à sucessão ao trono de Davi pela linhagem do rei Salomão, Lucas nos mostra que também Maria era descendente de Davi pela linhagem de Natã, também filho de Davi. Mateus reporta a árvore genealógica de Abraão até Jesus (Mt 1:1-17), e Lucas descende a linhagem de Maria até Adão Lc 3:23-38), criado por Deus, confirmando, e desta forma tornando literal a informação contida em Gênesis, que para muitos é apenas um relato simbólico. Alguns teólogos chegam a dizer que a sequência de pessoas descritas de Adão até Noé representa “clãs”, e não pessoas. Se o fosse, Lucas não os teria citado na genealogia de Jesus, como também citam pessoas deste período, a Epístola aos Hebreus, I e II Pedro, Judas, além de outros livros do Antigo Testamento. Judas, por exemplo, em sua epístola, cita Enoque como profeta de Deus: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos.” (Jd 1:14) 3896 AC – (Anno Mundi zero) – criação de Adão e Eva Comecemos pelo ano zero, quando Deus criou Adão e Eva, conforme Gênesis (Gn) 1:26-27: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Adão e Eva geraram Caim e Abel, sobre os quais não há relatos cronológicos, não se sabendo, portanto, os anos de seus nascimentos. Caim e Abel - Pietro Novelli Após a morte de Abel, morto por seu irmão, e o banimento de Caim do convívio de sua família, o relato cronológico menciona o nascimento de Sete, filho de Adão e Eva, quando Adão tinha 130 anos de idade. Quanto a Caim, veio a criar sua própria família, e Gênesis relata os nomes de seus descendentes, que aliás, coincidem com alguns nomes dos descendentes de Sete, mas trata-se de outras pessoas. Uma pergunta frequente que se faz, é como Caim encontrou uma mulher se até aquele momento a Bíblia relata apenas o nascimento dos dois irmãos, Caim e Abel? O fato é que o redator de Gênesis apenas reporta aquilo que acha importante, mesmo porque, Caim e sua descendência desaparerão da história de Gênesis, dando lugar a Sete e seus descendentes, ancestrais de Jesus. Não relata de onde vem esta mulher porque não é importante, e também por assumir que o leitor há de concluir que ela só poderia ser filha de Adão e Eva, portanto, irmã de Caim. Um relato sobre as filhas de Eva está presente no livro apócrifo de Jasher, bem como no também apócrifo Livro dos Jubileus, sobre os quais falaremos mais adiante, mencionando que além de Caim e Abel, Adão e Eva, geraram antes do nascimento de Sete mais tres filhas mulheres, uma delas, a esposa de Caim. No Livro dos Jubileus estas filhas são citadas nominalmente, onde o redator conta que Awan, primeira filha de Eva, nascida um ano depois de Abel (Enoque 4:9) veio a ser a esposa de Caim. É importante notar que a cronologia bíblica é basicamente focada nos ancestrais de Jesus. Relata, sim, outras personalidades, muitos eventos, mas basicamente foca na ascendência de Jesus, descendente de Abraão e do rei Davi, tanto por parte de Maria, sua mãe, bem como de José, seu pai por adoção. Especificamente no que se refere ao período compreendido entre Adão e o dilúvio, a Bíblia relata apenas a cronologia das pessoas justas daquele tempo. Note-se que nenhum dos personagens em questão, dos descendentes de Sete, veio a morrer por causa do dilúvio. Matusalém, o homem que mais anos viveu sobre a terra vem a falecer justamente no ano do dilúvio. 3766 AC – (Anno Mundi 130) – nascimento de Sete Gn 5:3 registra que “Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete”. Desta forma, o nascimento de Sete se deu no Anno Mundi 130, ou seja, 3766 AC. Como computamos 3896 anos de Adão até Jesus, este é o nosso algorítimo de conversão das datas Anno Mundi para ano Gregoriano. Desta forma, subtraindo-se 3896 de 130 temos o resultado negativo – 3766, o que significa 3766 AC (antes de Cristo). 3661 AC – (Anno Mundi 235) – nascimento de Enos Da mesma forma, Gn:5-6 registra que “viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos”, portanto, Enos nasceu no ano 235, resultado de 130+105. As datas de nascimento dos demais personagens apontados seguem o mesmo raciocínio. 3571 AC – (Anno Mundi 325) – nascimento de Cainã Em Gn 5:9 temos que “viveu Enos noventa anos, e gerou a Cainã”, portanto Cainã nasceu no Anno Mundi 325, resultado de (235 +90); 3501 AC – (Anno Mundi 395) – nascimento de Maalalel Em Gn 5:12 temos que “viveu Cainã setenta anos, e gerou a Maalaleel”, que nasceu no Anno Mundi 395, resultado de (325 + 70); 3436 AC – (Anno Mundi 460) – nascimento de Jerede Em Gn 5:15 temos que “viveu Maalaleel sessenta e cinco anos, e gerou a Jerede”, que nasceu no Anno Mundi 460, correspondente a (395 + 65); 3274 AC – (Anno Mundi 622) – nascimento de Enoque Em Gn 5:18 temos que “viveu Jerede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque”, que nasceu em 622 A.M., correspondente a (460+162); 3209 AC – (Anno Mundi 687) – nascimento de Matusalém Em Gn:5:21 temos que “viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém”, que nasceu no Anno Mundi 687, correspondente a (622 + 65); 3022 AC – (Anno Mundi 874) – nascimento de Lameque Em Gn 5:25 temos que “viveu Matusalém cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque”, que nasceu no Anno Mundi 874, resultado de (687 + 187); 2966 AC – (Anno Mundi 930) – morte de Adão Gênesis 5:5 registra que “foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e morreu”, sendo este, portanto, o Anno Mundi 930. Há a partir do capítulo 3 do Livro de Jasher uma série de relatos relacionados à morte de Adão, dizendo que no ano 56 da vida de Lameque Adão faleceu e foi enterrado na caverna que Deus lhe dera por habitação com grande pompa por Enoque e Matusalém além de seus dois filhos Caim e Sete. Conta que todos os homens vieram prestar reverência ao primeiro criado por Deus e que desde então aquela data seria lembrada por gerações. Conta ainda que desde aquele dia Enoque separou-se dos demais homens a fim de servir a Deus. Enoque teria tomado para si a veste de pele que Deus fizera para Adão e que esta veste passara depois para Matusalém, e depois deste para Noé, que a levou consigo na arca. A veste foi roubada tempos depois por Cão, filho de Noé, que a deu em herança para Cuxe e este para Ninrode, o primeiro homem poderoso a surgir na história de Gênesis. (Gn 10:8) Vê-se desta forma o caráter folclórico de Jasher, uma vez que tais relatos devem ser oriundos da cultura popular. 2909 AC – (Anno Mundi 987) – Arrebatamento de Enoque Gênesis 5:23-24 registra que “foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou”. Temos, portanto, que Enoque não experimentou a morte, mas foi sim, arrebatado por Deus no Anno Mundi 987, correspondente a (622+ 365); 2854 AC – (Anno Mundi 1042) – morte de Sete Gênesis 5:8 registra que “foram todos os dias de Sete novecentos e doze anos, e morreu”, portanto, estamos no Anno Mundi 1042, resultado de (130 + 912); 2840 AC – (Anno Mundi 1056) – nascimento de Noé Em Gn 5:28-29 temos que “viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho, a quem chamou Noé”, portanto, Noé nasceu no Anno Mundi 1056, resultado de (984 + 182). 2756 AC – (Anno Mundi 1140) – morte de Enos Gênesis 5:11 registra que “foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos, e morreu”, portanto, estamos no Anno Mundi 1140, resultado de (235 + 905); 2661 AC – (Anno Mundi 1235) – morte de Cainã Gênesis 5:14 registra que “foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos, e morreu”, portanto, faleceu no Anno Mundi 1235, resultado de (325 + 910); 2606 AC – (Anno Mundi 1290) – morte de Maalaleel Gênesis 5:17 registra que “foram todos os dias de Maalaleel oitocentos e noventa e cinco anos, e morreu”, portanto, estamos no Anno Mundi 1290, resultado de (395 + 895); 2474 AC – (Anno Mundi 1422) – morte de Jerede Gênesis 5:20 registra que “foram todos os dias de Jerede novecentos e sessenta e dois anos, e morreu”, portanto, estamos no Anno Mundi 1422, resultado de (460 + 962); 2360 AC – (Anno Mundi 1536) – Deus limita o tempo dos homens Gn 6:3 diz o seguinte: “Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos”. Há duas interpretações para esta passagem, sendo uma delas a de que durante os 120 anos que antecederam o dilúvio, Noé, conforme ordenado por Deus, chamou os homens ao arrependimento. A outra é literal, onde Deus limitou de fato a longevidade humana. Estenderemos este comentário quando tratarmos da data do dilúvio. 2340 AC – (Anno Mundi 1556) – nascimento de Jafé, filho de Noé Gênesis 5:32 da conta do nascimento dos três filhos de Noé da seguinte forma: “era Noé da idade de quinhentos anos, e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé”, portanto, registra-se este acontecimento no Anno Mundi 1556, resultado de (1056 + 500). Pode-se afirmar que se trata do nascimento de Jafé. Sem virá a nascer dois anos depois de Jafé, conforme veremos adiante, e Cão era o filho mais novo. A Bíblia relata em Gn 9:19-25 que depois do dilúvio houve um incidente entre Noé e seu filho Cão, o mais jovem dos três. Noé plantou uma vinha e se embriagou vindo a se desnudar em sua tenda. Cão viu a nudez de seu pai e desrespeitosamente o fez saber a seus irmãos que cobriram o corpo de Noé. No dia seguinte, “despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã ; servo dos servos seja aos seus irmãos”. Gn 9:24 Sem é o pai da raça semita, de quem descenderão os israelitas; Cão teve um filho de nome Canaã, este a quem Noé amaldiçoa, de quem virão os cananitas, habitantes de Canaã, onde Israel irá habitar no futuro. 2338 AC – (Anno Mundi 1558) – nascimento de Sem Sem nasceu no Anno Mundo de 1558, conforme se lê em Gn 11:10: “Sem era da idade de cem anos e gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio”. Dois anos depois do dilúvio (que aconteceu em 1656 A.M.), portanto, em 1658 A.M., tinha Sem 100 anos de idade, de onde se sabe corretamente seu ano de nascimento (1658 – 100); 2245 AC – (Anno Mundi 1651) – morte de Lameque, pai de Noé No Anno Mundi de 1651, cinco anos antes do dilúvio, morreu Lameque, pai de Noé, conforme Gn 5:31: “E foram todos os dias de Lameque setecentos e setenta e sete anos, e morreu”, conforme (874 + 777). 2240 AC – (Anno Mundi 1656) – morte de Matusalém Em 1656 A.M., no mesmo ano em que aconteceu o dilúvio, faleceu Matusalém, conforme Gn 5:27: “foram todos os dias de Matusalém novecentos e sessenta e nove anos, e morreu”. De acordo com a tradição judaica, descrita no Talmude, Matusalém teria falecido uma semana antes da chegada das águas do dilúvio. Gn 7:7-10 nos relata que somente sete dias depois de Noé entrar na arca é que veio o divúvio. O comentário do Talmude sobre o verso 10 conclui que os sete dias dentro da arca antes da chegada das águas foram os dias de lamentação pela morte de Matusalém. Sabe-se, no entanto, que é apenas um comentário, pois há na Toseftah Sotah (compilação secundária das leis orais judaicas) outras interpretações para o mesmo texto, mostrando, desta forma, que o uso de várias interpretações para o mesmo texto servia de inspiração para sermões.

CRONOLOGIA BÍBLICA


(Os artigos deste estudo são de autoria de José Fabbri. Estamos autorizados por escrito a publicar esse valoroso estudo bíblico. Ao término dos 150 capítulos, forneceremos maiores informações)


Introdução A meta desta Cronologia da Bíblia é chegar ao ano 1 de nossa era somando os eventos bíblicos desde a criação de Adão, no instante zero da existência do homem, até chegarmos aos dias de Jesus. A Bíblia pode ser quase toda datada baseando-se nos eventos nela registrados. Diz, por exemplo Gn 5:3 que Sete, o terceiro filho de Adão, nasceu quando este tinha 130 anos de idade. Seria portanto o Anno Mundi 130, ou seja, 130 anos transcorridos desde a criação do homem. Enos, filho de Sete, conforme Gn 5:6 nasceu quando seu pai tinha 105 anos de idade; Cainã, filho de Enos, tinha 90 anos quando este foi gerado, e assim, sucessivamente datamos os principais eventos bíblicos, chegando ao Anno Mundi 3896 quando encontramos o ano 1 de nossa era. Baseados neste algorítimo (3896), apresentamos neste trabalho duas datas para cada evento bíblico: o Anno Mundi – anos desde a criação do homem, e a consequente data gregoriana. Feita a conversão de Anno Mundi para o formato Gregoriano, derivam datas bastante “confortáveis”, e outras nem tanto, quando encaramos os padrões históricamente aceitos. Pelo algorítimo encontrado, a queda de Israel, por exemplo, foi encontrada na Bíblia em 722 AC, correspondente ao Anno Mundi 3174, compatibilizando perfeitamente a data bíblica com a data histórica aceita. O início do reinado de Davi no Anno Mundi 2885 converte-se pelo mesmo algorítimo em 1011 AC; o Êxodo de Israel ocorrido conforme a Bíblia no Anno Mundi 2448, situa-se em 1448 AC, datas bastante próximas às aceitas pelos padrões históricos. Datas deste tipo são as que chamamos “confortáveis”, ou seja, datas próximas ou idênticas às historicamente aceitas. As desconfortáveis, no entanto, são as que se referem aos primórdios da criação, pois, segundo a contagem bíblica, o homem vive sobre a terra a menos de quatro mil anos, ponto em que discordam os fundamentalistas bíblicos dos liberais, uma vez que a ciência define achados arqueológicos, por exemplo, em datas muito anteriores a isto. Entre os liberais, mesmo cristãos, os primeiros onze capítulos de Gênesis são classificados, por assim dizer, de “ficção científica”. Para estes, é como se o redator, Moisés, quisesse encurtar uma longa história em poucas páginas, onde ao invés de contar como foi a “evolução” da espécie humana, optasse por uma lenda onde conta a história de suas gerações ancestrais, culminando no ato criativo de uma figura mitológica conhecida como Adão. Este argumento acaba por rotular Gênesis como um livro semi-inspirado, ou semi-canônico, uma vez que não se aceita o que está ali escrito até o surgimento de Abraão, o patriarca da fé cristã, depois de quem tudo é aceito “quase que literalmente”. Num raciocínio radical, ao não aceitar integralmente Gênesis, por qual razão não se poria da mesma forma em dúvida o Livro de Efésios, se são ambos parte de uma mesma história? Não foram ambos inspirados pelo Espírito Santo? Teria porventura faltado argumentação a Deus para inspirar Moisés a contar a “verdadeira história da evolução humana” tendo-a substituído por uma que muitos reputam por ridícula? O criacionismo de Darwin e outros cuidou de ridicularizar a crença integral na criação do homem e fez surgir um sem número de teorias que a contestam. Desta forma, para justificar a existência do homem tal qual ele é hoje, a evolução necessita de milhões de anos, e desta forma, Gênesis é rotulado como folclore judaico. Veja a complicação em que se mete quem nega a literacidade de Gênesis: o Evangelho de Lucas, no seu capítulo três, por exemplo, retrocede a genealogia de Jesus até os dias de Adão, citando um a um os personagens descritos em Gênesis – um a um sem faltar qualquer que seja – estão todos ali perfeitamente datados. O que fazer então, classificar também Lucas como folclore bíblico? Gênesis é de fato o ponto de partida da história humana, e como veremos, seguindo seus padrões de datação, e prosseguindo pelos demais livros da Bíblia, somaremos estes quase quatro mil anos e chegaremos ao mesmo ano 1 que divide a história em antes e depois de Cristo. Seria coincidência? A Bíblia nos revela que estamos no mundo há menos de 6.000 anos e o fundamentalismo bíblico demanda que assim entandamos, sendo esta, portanto, não uma questão de opinião, nem de posição pessoal, mas sim de fé na Palavra Escrita de Deus. Anterior ao surgimento do homem, Gênesis faz um breve relato sobre a criação do universo sugerindo um acontecimento muito parecido com o que a cosmologia define como “Big Bang” ou grande explosão, à qual seguiria o aparecimento da luz. Contrapõe-se a esta, várias outras teorias, entre as quais, a aceitação literal dos seis dias de criação do universo. A tese do “Big Bang”, que por sinal não contraria em nada o Livro de Gênesis, nem por isto pode ser considerada melhor que a tese literal dos seis dias da criação, e por uma razão muito simples: o propósito da Bíblia é revelar Deus ao homem, e não falar sobre ciência, e desta forma, é puro desperdício o tempo que se gasta discutindo tais assuntos. Por acaso uma pessoa que tem dificuldade de aceitar o relato da criação aceita de bom grado o relato do dilúvio? acredita que Moisés de fato abriu o Mar Vermelho? acredita que o rei Josafá derrotou numa guerra milhares de moabitas e amonitas sem ter sequer que colocar um só homem no campo de batalha? aceita que Jesus curou os cegos e ressucitou os mortos ou ressucitou-se a si mesmo depois de passar tres dias dado como morto? Ora, a Bíblia é um livro que relata muitas coisas extraordinárias, muitos milagres, fatos incompreensíveis para as pessoas sem fé e conforme se lê em Hebreus 11:6 sem fé é impossível agradar a Deus. A verdade, amigos, é que há aqui uma tremenda inversão de valores: não é Deus quem tem que correr atrás do homem para que ele aceite as Escrituras, mas sim o homem é quem tem um tempo bastante limitado, a duração de sua vida, para se justificar perante o seu Criador. É esta a advertência do Evangelho: não é Deus quem tem um problema para resolver, mas sim nós. A descabida presunção do homem de se achar o centro do universo está em total desacordo com a revelação bíblica: nós não somos centro de coisa alguma. A Bíblia, de capa a capa nos revela Deus, e compete a cada um de nós tomar a sua decisão: aceitar ou rejeitar o plano de Deus. Homens sujeitos às mesmas dificuldades e fraquezas que marcam as nossas vidas registraram sua presença na mais importante história escrita da existência humana, a Bíblia, onde 3500 pessoas diferentes são referenciadas em longos relatos ou simplesmente mencionadas em um único versículo. O que vamos demonstrar aqui é a completa e perfeita harmonia cronológica desta história. O relato que se inicia não se refere apenas às pessoas que compreenderam a vontade de Deus, mas, todas elas, sem exceção, fizeram parte da grande história que culminou com a encarnação de Deus entre nós, “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos, aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória.” (Cl 1:26-27)

JESUS é DEUS? (continuação)

Jesus é Deus? Jesus poderia estar mentindo? Mesmos os maiores críticos de Jesus raramente o chamaram de mentiroso. Essa classificação não é compatível com os grandes ensinamentos sobre moral e ética de Jesus. Mas se Jesus não era quem afirmava ser, devemos pensar na possibilidade de que ele estava intencionalmente enganando a todos. Uma das mais conhecidas e influentes obras políticas de todos os tempos foi escrita por Nicolau Maquiavel em 1532. Eu seu clássico, O príncipe, Maquiavel exalta o poder, o sucesso, a imagem e a eficiência acima da lealdade, da fé e da honestidade. De acordo com Maquiavel, não há problemas em mentir quando isso visa um fim político. Poderia Jesus Cristo ter construído todo seu império com base em uma mentira simplesmente para obter poder, fama ou sucesso? De fato, os inimigos judeus de Jesus constantemente tentavam o expor como uma fraude ou um mentiroso. Eles o bombardeavam de perguntas, tentando fazer com que ele cometesse erros ou se contradissesse. Ainda assim, as respostas de Jesus eram de uma incrível consistência. Assim, a questão que temos que fazer é: o que poderia motivar Jesus a tornar toda sua vida uma mentira? Ele ensinava que Deus não aceitava mentiras e hipocrisia, assim ele não poderia estar fazendo isso para agradar ao seu Pai. Ele certamente não mentiu em benefício de seus seguidores, uma vez todos, com exceção de um, foram martirizados em vez de renunciar seu Senhor (consulte “Os apóstolos acreditavam que Jesus era Deus?” Assim, nos restam apenas duas possíveis explicações, ambas as quais são problemáticas. Benefício Muitas pessoas mentiram em prol de ganhos pessoais. De fato, a motivação da maioria das mentiras é o benefício que as pessoas veem nelas. O que Jesus poderia querer ganhar ao mentir sobre sua identidade? A resposta mais óbvia seria o poder. Se as pessoas acreditassem que ele era Deus, ele teria um poder imenso (é por isso que muitos líderes antigos, como os imperadores romanos, afirmavam ser de origem divina). O problema dessa explicação é que Jesus evitava qualquer tentativa de ser colocado no poder, em vez de castigar aqueles que abusam de tal poder e vivem suas vidas em busca dele. Além disso, ele estendia suas mãos para os rejeitados (prostitutas e leprosos), aqueles sem poder, criando uma rede de pessoas cuja influência era menor do que zero. De uma maneira que só pode ser descrita como bizarra, tudo aquilo que Jesus fez e disse ia em direção complemente oposta ao poder. Se a motivação de Jesus era o poder, ele aparentemente teria evitado a cruz a todo custo. Ainda assim, em diversas ocasiões, ele disse a seus discípulos que a cruz era seu destino e sua missão. Como morrer em uma cruz romana poderia conceder poder a alguém? A morte, obviamente, trás a devida atenção a qualquer coisa. E enquanto muitos mártires morreram em prol das causas que acreditavam, poucos estiverem dispostos a morrer por mentiras conhecidas. Com certeza todas as esperanças de ganhos pessoais de Jesus teriam acabado na cruz. Ainda assim, até seu último suspiro, ele não abriu mão de afirmar que era o único Filho de Deus. O estudioso do Novo Testamente, J. I. Packer, aponta que este título expressa a divindade pessoal de Jesus.[22]. Um legado Então se Jesus não mentia em benefício próprio, talvez suas afirmações radicais fossem falsas a fim de deixar um legado. Porém a possibilidade de ser espancado e pregado em uma cruz teria rapidamente acabado com o entusiasmo da grande maioria das pessoas. Aqui está outro fato assombroso. Se Jesus tivesse simplesmente rejeitado a afirmação de ser Filho de Deus, ele jamais teria sido condenado. Foi sua afirmação de ser Deus e sua relutância a rejeitá-la que fizeram com que ele fosse crucificado. Se aumentar sua credibilidade e reputação histórica foi o que motivou Jesus a mentir, é preciso explicar como um filho de carpinteiro, proveniente de um pobre vilarejo da Judéia, pode ter previsto os eventos futuros que tornariam seu nome tão conhecido e importante no mundo todo. Como ele poderia saber que sua mensagem sobreviveria? Os discípulos de Jesus tinham fugido e Pedro o negou, o que não é exatamente a melhor ideia para deixar um legado religioso. Os historicistas acreditam que Jesus mentiu? Estudiosos analisaram a vida e as palavras de Jesus para descobrir se há qualquer evidência de falhas em sua personalidade moral. De fato, mesmo os maiores céticos ficam espantados com a pureza ética e moral de Jesus. De acordo com o historicista Philip Schaff, não há evidências, tanto na história da igreja quanto na história secular, de que Jesus tenha mentido sobre qualquer coisa. Schaff argumentou: “Como, em nome da lógica, senso comum e experiência, um homem enganador, egoísta e depravado poderia ter inventado e mantido de forma consistente, do início ao fim, a personalidade mais pura e nobre da história, com o mais perfeito ar de verdade e realidade?”[23] Aceitar a possibilidade de que Jesus era um mentiroso iria em direção oposta a tudo aquilo em prol de que Jesus ensinou, viveu e morreu. Para a maioria dos estudiosos, essa opção simplesmente não faz sentido. Ainda assim, para negar as afirmações de Jesus, é preciso uma explicação. E se as afirmações de Jesus não são verdadeiras, e ele não estava mentindo, a única opção restante é de que ele estava enganando a si mesmo. Jesus poderia estar enganando a si mesmo? Albert Schweitzer, ganhador do Prêmio Nobel em 1952 por seus trabalhos humanitários, tinha suas próprias ideias sobre Jesus. Schweitzer chegou à conclusão de que a insanidade era a base das afirmações de Jesus de ser Deus. Em outras palavras, Jesus estava errado em suas afirmações, porém ele não mentiu intencionalmente. De acordo a teoria de Schweitzer, Jesus estava iludido de forma a acreditar que ele era o Messias. Lewis avaliou cuidadosamente essa possibilidade. Ele deduziu que se as afirmações de Jesus não fossem verdadeiras, então ele era louco. Lewis argumenta que alguém que afirmou ser Deus não seria um grande professor moral. “Ou ele seria um lunático do mesmo nível de uma pessoa que diz ser um ovo cozido ou seria o Diabo do Inferno”.[24] A maioria das pessoas que estudou a vida e as palavras de Jesus o reconhece como uma pessoa extremamente racional. Embora sua vida tenha sido permeada de imoralidade e ceticismo pessoal, o renomado filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712–78) reconheceu a personalidade elevada e a presença de espírito de Jesus, declarando: “Quando Platão descreveu seu homem justo imaginário… ele descrever exatamente a personalidade de Cristo. … Se a vida e a morte de Sócrates são as de um filósofo, a vida e a morte de Jesus Cristo são as de um Deus”.[25] Bono conclui que “louco” é a última coisa que alguém pode pensar de Jesus. “Assim o que lhe resta é que Cristo era quem Ele dizia ser ou era totalmente louco. E quando digo louco, digo louco como Charles Manson… Eu não estou brincando. A ideia de que toda a história da civilização em mais da metade do planeta foi completamente alterada por um lunático, para mim isso não pode ser verdade…”[26] Então, Jesus era um mentiroso ou um lunático, ou era o Filho de Deus? Será que Jefferson estava certo ao classificar Jesus como “somente um professor moral”, negando sua divindade? É interessante que o público de Jesus, tanto crentes como inimigos, nunca o consideraram como um simples professor moral. Jesus causou três reações principais nas pessoas com que teve contato: ódio, terror ou adoração As afirmações de Jesus Cristo nos forçam a escolher. Como disse Lewis, nós não podemos categorizar Jesus simplesmente como um grande líder religioso ou um grande professor moral. O ex-cético nos desafia a nos decidir a respeito de Jesus, dizendo: “Você precisa se decidir. Ou esse homem era, e é, o Filho de Deus, ou é um louco ao algo ainda pior. Você pode calá-lo por Ele ser um louco, você pode cuspir Nele e matá-lo como um demônio ou ajoelhar-se perante Ele e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas não vamos considerar besteiras arrogantes dizendo que Ele era um grande professor moral. Ele não nos deu essa possibilidade. Não era esse seu objetivo”.[27] Em Cristianismo Puro e Simples, Lewis explora diversas possibilidades a respeito da identidade de Jesus, concluindo que ele é exatamente quem ele afirmava ser. Sua análise cuidadosa da vida e das palavras de Jesus levou esse grande gênio da literatura a renunciar seu o ateísmo e se tornar um Cristão comprometido. A grande questão da história da humanidade é “quem é o verdadeiro Jesus Cristo”? Bono, Lewis e muitos outros chegaram à conclusão de que Deus visitou a terra em forma humana. Mas se isso é verdade, nos esperaríamos que ele estivesse vivo atualmente. E é exatamente isso seus seguidores acreditam. Jesus voltou mesmo dos mortos? As testemunhas de Jesus Cristo realmente falaram e agiram como se acreditassem que ele fisicamente se ergueu dentre os mortos após sua crucificação. Se eles estivessem errados, o cristianismo teria se baseado em uma mentira. Mas se estivessem certos, tal milagre confirmaria tudo o que Jesus disse sobre Deus, sobre si mesmo e sobre nós. Devemos então aceitar a ressurreição de Jesus Cristo somente pela fé ou existe uma evidência histórica sólida? Muitos céticos começaram investigações sobre os registros históricos para provar que os registros da ressurreição são falsos. O que eles descobriram? Jesus ressuscitou dos mortos? Todos temos curiosidade de saber sobre o que acontecerá conosco depois da morte. Quando um ente querido morre, queremos vê-lo novamente assim que chegar nossa vez. Teremos um encontro glorioso com aquele a quem amamos ou a morte é o fim de toda a consciência? Jesus nos ensinou que a vida não termina depois da morte de nossos corpos. Ele fez esta declaração impressionante: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” Segundo as testemunhas oculares mais próximas a Jesus, Ele demonstrou seu poder sobre a morte levantando-Se dos mortos depois de ter sido crucificado e ficar sepultado por três dias. Essa é a crença que tem dado esperança aos cristãos nestes quase 2.000 anos. Mas algumas pessoas não têm nenhuma esperança em vida após a morte. O filósofo ateu Bertrand Russell escreveu, “Acredito que, ao morrer, apodrecerei e nada do meu ego sobreviverá”.[1] Russel obviamente não acreditava nas palavras de Jesus. Os seguidores de Jesus escreveram que Ele apareceu vivo para eles depois da crucificação e do sepultamento. Eles alegam que além de vê-Lo, tomaram refeições com ele, tocaram-No e permaneceram juntos por 40 dias. Então, será que isso é simplesmente uma ficção que se desenvolveu ao longo do tempo ou ela se baseia em provas sólidas? A resposta a essa questão é fundamental para o Cristianismo. Pois se Jesus levantou-Se dos mortos, isso validaria tudo o que Ele disse sobre Si mesmo, sobre o significado da vida e sobre o nosso destino depois da morte. Se Jesus ressuscitou dos mortos então ele tem sozinho as respostas sobre o significado da vida e sobre o que enfrentaremos após a morte. Por outro lado, se a história da ressurreição de Jesus não for verdadeira, então o Cristianismo se baseia em uma mentira. O teólogo R. C. Sproul colocou isso nos seguintes termos: “A veracidade da ressurreição é vital para o Cristianismo. Se Cristo foi erguido dos mortos por Deus, então Ele detém as credenciais e a certificação que nenhum outro líder religioso possui. Buda está morto. Maomé está morto. Moisés está morto. Confúcio está morto. Mas, de acordo com… o Cristianismo, Cristo vive.”[2] Muitos céticos tentaram contestar a ressurreição. Josh McDowell foi um desses que gastou mais de 700 horas pesquisando a evidência da ressurreição. McDowell fez a seguinte declaração a respeito da importância da ressurreição: “Cheguei à conclusão de que, de duas uma, ou a ressurreição de Jesus é um dos embustes mais mal-intencionado, cruel e desumano jamais impostos às mentes humanas OU é o fato mais fantástico da história.”[3] Então, a ressurreição de Jesus é um fato fantástico ou um mito cruel? Para chegarmos a essa resposta, temos de examinar a evidência da história e tirar nossas próprias conclusões. Vamos ver o que os céticos que investigaram a ressurreição descobriram por conta própria.

JESUS è DEUS?

Jesus é Deus? Você já encontrou uma pessoa que é o centro das atenções onde quer que vá? Alguma característica misteriosa e indefinível o distingue de todas as outras pessoas. Pois foi isso que aconteceu dois mil anos atrás com Jesus Cristo. Porém não foi simplesmente a personalidade de Jesus que cativou aqueles que o ouviam. Aqueles que puderem ouvir suas palavras e observar sua vida nos dizem que existia algo em Jesus de Nazaré que era diferente de todas as outras pessoas. A única credencial de Jesus era ele mesmo. Ele nunca escreveu um livro, comandou um exército, ocupou um cargo político ou teve uma propriedade. Normalmente ele viajava se afastando somente alguns quilômetros do seu vilarejo, atraindo multidões impressionadas com suas palavras provocativas e seus feitos impressionantes. Ainda assim, a magnitude de Jesus era óbvia para todos aqueles que o viram e ouviram. E enquanto a maioria das grandes personalidades históricas desaparece nos livros, Jesus ainda é o foco de milhares de livros e controvérsias sem paralelos na mídia. Grande parte dessas controvérsias envolvem as afirmações radicais que Jesus fez sobre si mesmo, afirmações que espantaram tanto seus seguidores quanto seus adversários. Foram principalmente as afirmações únicas de Jesus que fizeram com que ele fosse considerado uma ameaça pelas autoridades romanas e pela hierarquia judaica. Embora fosse um estranho sem credenciais ou força política, em apenas três anos Jesus foi capaz de mudar a história dos mais de 20 séculos seguintes. Outros líderes morais e religiosos influenciaram a história, mas não como o filho de um carpinteiro desconhecido de Nazaré. Qual era a diferença de Jesus Cristo? Ele era apenas um homem de grande valor ou era algo mais? Essas perguntas nos levam ao cerne do que Jesus realmente era. Alguns acreditam que ele era simplesmente um grande professor de moral, já outros pensam que ele foi simplesmente o líder da maior religião do mundo. Porém muitos acreditam em algo muito maior. Os cristãos acreditam que Deus nos visitou em forma humana, e acreditam que há evidências que provam isso. Após analisar com cuidado a vida e as palavras de Jesus, C.S. Lewis, antigo cético e professor de Cambridge, chegou a uma espantosa conclusão, que alterou o rumo de sua vida. Então quem é Jesus de verdade? Muitos dirão que Jesus foi um grande professor de moral. Ao analisarmos mais cuidadosamente a história do homem que causa mais controvérsias em todo o mundo, primeiramente devemos perguntar: será que Jesus foi simplesmente um grande professor de moral? Grande professor de moral? Mesmo os membros de outras religiões acreditam que Jesus foi um grande professor de moral. O líder indiano Mahatma Gandhi falava muito bem sobre a integridade e as palavras sábias de Jesus.[1] Da mesma forma, o estudioso judeu Joseph Klausner escreveu, “Admite-se mundialmente… que Cristo ensinou a ética mais pura e sublime… que joga nas sombras os preceitos e as máximas morais dos mais sábios homens da antiguidade.”[2] O Sermão do Monte de Jesus foi considerado o maior de todos os ensinamentos sobre ética humana já feito por uma pessoa. De fato, muito do que conhecemos atualmente como “direitos iguais” é resultado dos ensinamentos de Jesus. O historicista Will Durant, que não é cristão, disse a respeito de Jesus: “Ele viveu e lutou persistentemente por ‘direitos iguais’, e nos tempos modernos teria sido mandado para a Sibéria. ‘O maior dentre vós será vosso servo’ é a inversão de toda a sabedoria política, de toda a sanidade.”[3] Muitos, como Gandhi, tentaram separar os ensinamentos de Jesus sobre ética de suas afirmações a respeito de si mesmo, acreditando que ele era simplesmente um grande homem que ensinava grandes princípios morais. Essa foi a abordagem de um dos Pais Fundadores dos Estados Unidos, o presidente Thomas Jefferson, que editou uma cópia do Novo Testamento retirando as partes que considerava que se referiam à divindade de Jesus e deixando as partes a respeito do ensinamento morais e éticos.[4] Jefferson carregava consigo essa versão editada do Novo Testamento, reverenciando Jesus como o maior professor de moral de todos os tempos. De fato, as memoráveis palavras de Jefferson na Declaração de Independência tiveram como base os ensinamentos de Jesus de que toda pessoa é de imensa e igual importância perante Deus, independente de sexo, raça ou status social. O famoso documento diz: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis…”. Mas Jefferson não respondeu uma pergunta: Se Jesus afirmou incorretamente ser Deus, ele não poderia ter sido um bom professor de moral. No entanto, Jesus de fato afirmou sua divindade? Antes de observarmos o que Jesus afirmou, precisamos analisar a possibilidade de ele ter sido simplesmente um grande líder religioso. Grande líder religioso? Surpreendentemente, Jesus jamais afirmou ser um líder religioso. Ele nunca se envolveu com políticas religiosas ou promoveu agressivamente suas causas, além de atuar quase sempre fora de locais religiosos. Ao comparar Jesus com outros grandes líderes religiosos, uma notável distinção aparece. Ravi Zacharias, que cresceu na cultura hindu, estudou religiões do mundo todo e notou uma diferença fundamental entre Jesus Cristo e os criadores de outras grandes religiões. “Em todos esses, existe uma instrução, um modo de viver. Não é Zaratustra quem você consulta, é Zaratustra quem você escuta. Não é Buda que o liberta, são as Nobres Verdades que o instruem. Não é Maomé que o transforma, é a beleza do Corão que o lisonjeia. No entanto, Jesus são somente ensinou ou expôs sua mensagem. Ele era a sua própria mensagem”.[5] A verdade na afirmação de Zacharias é ressaltada pelas diversas vezes nos Evangelhos em que os ensinamentos de Jesus foram simplesmente “Venha a mim”, “Siga-me” ou “Obedeça-me”. Além disso, Jesus deixou claro que sua principal missão era perdoar os pecados, algo que somente Deus poderia fazer. Em As maiores religiões do mundo, Huston Smith apontou: “Somente duas pessoas surpreenderam tanto seus contemporâneos a ponto de provocarem a pergunta ‘O que é ele?’ em vez de ‘Quem é ele?’. Essas duas pessoas foram Jesus e Buda. As respostas de Jesus e Buda para essa pergunta foram exatamente opostas. Buda disse claramente que ele era um simples mortal, e não um deus, quase que como se estivesse prevendo futuras tentativas de adoração. Jesus, por outro lado, afirmou… ser divino.”[6] E isso nos leva à questão do que Jesus realmente afirmou sobre si mesmo: Jesus afirmou ser divino? Jesus afirmou ser Deus? Então o que convence muitos estudiosos de que Jesus afirmou ser Deus? O autor John Piper explica que Jesus reivindicou poderes que pertenciam exclusivamente a Deus. “… os amigos e inimigos de Jesus ficavam espantados constantemente com suas palavras e ações. Ao andar pelas estradas, aparentando ser uma pessoa qualquer, ele virava e dizia coisas como “Antes de Abraão nascer, Eu Sou” ou “Quem me vê, vê o Pai”. Ou, com muita calma, depois de ser acusado de blasfêmia, ele dizia: ‘O Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados’. Para os mortos ele simplesmente dizia ‘Apareçam’ ou ‘Ergam-se’. E eles obedeciam. Para as tempestades ele dizia ‘Acalmem-se’. E para um pedaço de pão ele dizia ‘Transforme-se em mil refeições’. E tudo acontecia imediatamente”.[7] Mas o que Jesus realmente queria dizer com tais afirmações? É possível que Jesus tenha sido meramente um profeta como Moisés, Elias ou Daniel? Mesmo uma leitura superficial dos Evangelhos nos mostra que Jesus afirmou ser mais do que um profeta. Nenhum outro profeta fez afirmações desse tipo sobre si mesmo, de fato nenhum outro profeta jamais se colocou no lugar de Deus. Alguns dizem que Jesus jamais disse explicitamente “Eu sou Deus”. É verdade que ele jamais disse exatamente as palavras “Eu sou Deus”. No entanto, Jesus também nunca disse explicitamente “Eu sou um homem” ou “Eu sou um profeta”. Ainda assim, Jesus foi sem dúvida humano, e seus seguidores o consideravam um profeta como Moisés ou Elias. Assim, não podemos rejeitar o fato de que Jesus era uma divindade somente pelo fato dele não ter dito exatamente essas palavras, assim como não podemos dizer que ele não era um profeta. De fato, as afirmações de Jesus sobre si mesmo contradizem a noção de que ele era simplesmente um grande homem ou um profeta. Em mais de uma ocasião, Jesus chamou a si mesmo de Filho de Deus. Quando questionado se acreditava na possibilidade de Jesus ter sido o Filho de Deus, o vocalista da banda U2, Bono, respondeu: “Não, não é improvável para mim. Veja bem, a resposta secular para a história de Cristo é sempre esta: ele era um grande profeta, claramente uma pessoa muito interessante e com muitas coisas a dizer, assim como outros grandes profetas como Elias, Maomé, Buda ou Confúcio. Porém na verdade Cristo não deixava você fazer isso. Ele não o isentava das responsabilidades. Cristo dizia: ‘Não, não estou dizendo que sou um professor, não me chame de professor. Não estou dizendo que sou um profeta. … Estou dizendo que sou a encarnação de Deus’. E as pessoas dizem: Não, não, por favor, seja apenas um profeta. Um profeta nós podemos aceitar.”[8] Antes de analisarmos as afirmações de Jesus, é importante entendermos que essas afirmações foram feitas no contexto da crença judaica em um único Deus (monoteísmo). Nenhum Judeu fiel acreditaria em mais de um único Deus. E Jesus acreditava no Deus único, orando para seu Pai como “o único Deus verdadeiro”.[9] Mas na mesma oração, Jesus falou sobre ter sempre existido com seu Pai. E quando Filipe pediu a Jesus para que ele lhe mostrasse o Pai, Jesus disse: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai.”[10] Assim a pergunta é: “Jesus afirmava ser o Deus hebraico que criou o universo? Jesus afirmou ser o Deus de Abraão e Moisés? Jesus continuamente fazia referência a si mesmo de formas que confundiam seus ouvintes. Como aponta Piper, Jesus fez uma afirmação audaciosa, “Antes de Abraão nascer, EU SOU.”[11] Ele falou a Marta e a outros ao seu redor: “EU SOU a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.”[12] Da mesma forma, Jesus fazia afirmações como, “EU SOU a luz do mundo”[13], “EU SOU o único caminho para Deus”[14] ou “EU SOU a ‘verdade’[15]. Essas e muitas outras de suas afirmações começavam coma as palavras sagradas para Deus, “EU SOU” (ego eimi).[16] O que Jesus quis dizer com tais afirmações e qual é a importância do termo “EU SOU”? Mais uma vez, precisamos voltar ao contexto. Nas Escrituras Hebraicas, quando Moisés perguntou a Deus Seu nome na sarça ardente, Deus respondeu: “EU SOU”. Ele estava revelando a Moisés que Ele era o único Deus atemporal e que sempre existiu. Incrivelmente, Jesus estava usando essas palavras sagradas para descrever a si mesmo. A questão é: “Por que”? Desde os tempos de Moisés, nenhum praticante do judaísmo jamais se referiria a si mesmo ou a qualquer outra pessoa usando “EU SOU”. Com resultado, as afirmações de “EU SOU” de Jesus enfurecerem os líderes judaicos. Certa vez, por exemplo, alguns líderes explicaram a Jesus por que estavam tentando matá-lo: “Porque você é um simples homem e se apresenta como Deus”.[17] O uso do nome de Deus por parte de Jesus deixou os líderes religiosos muito enfurecidos. A questão é que esses estudiosos do Antigo Testamento sabiam exatamente o que ele estava dizendo: ele afirmava ser Deus, o Criador do universo. Somente essa afirmação poderia ter resultado na acusação de blasfêmia. Ao ler o texto, é claro entender que Jesus afirmava ser Deus, não simplesmente por suas palavras, mas também pelas reações a essas palavras. C.S. Lewis inicialmente considerava Jesus um mito. Porém esse gênio da literatura, que conheci os mitos muito bem, chegou à conclusão de que Jesus tinha de ter sido uma pessoa real. Além disso, conforme Lewis investigava as evidências sobre Jesus, ele se convenceu que Jesus não somente era real, mas também era diferente de qualquer outro homem da história. Lewis escreveu: “E aí que vem o verdadeiro choque. Entre esses judeus, de repente surge um homem que começa a falar como se Ele fosse Deus. Ele diz perdoar os pecados. Ele diz que Ele sempre existiu. Ele diz que Ele está vindo para julgar o mundo no final dos tempos”.[18] Para Lewis, as afirmações de Jesus eram simplesmente muito radicais e profundas para terem sido feitas por um simples professor ou líder religioso. Que tipo de Deus? Alguns dizem que Jesus afirmava ser apenas uma parte de Deus. Porém a ideia de que todos nós fazemos parte de Deus e de que dentro de nós está a semente da divindade simplesmente não é um sentido possível para as palavras e ações de Jesus. Tais pensamentos são revisionistas e não condizem com seus ensinamentos, suas crenças e com o entendimento de seus ensinamentos por parte de seus discípulos. Jesus ensinou que ele era Deus do modo que os judeus entendiam Deus e que as Escrituras Hebraicas retratavam Deus, e não do modo que o movimento da Nova Era entendia Deus. Nem Jesus nem seu público conheciam Star Wars, então quando falavam de Deus, eles não estavam falando de forças cósmicas. Trata-se simplesmente de uma má história para redefinir o que Jesus queria dizer com o conceito de Deus. Lewis explica: Vamos esclarecer isso. Entre panteístas, como os indianos, qualquer pessoa poderia dizer que é parte de Deus, ou um com Deus… Porém este homem, por ser judeu, não poderia dizer que era esse tipo de Deus. Deus, em seu idioma, significava Estar fora do mundo, aquele que criou o mundo e era infinitamente diferente de qualquer outra coisa. Ao entender isso, você verá que o que esse homem disse, de forma muito simples, foi a coisa mais chocante jamais dita por um homem.[19] Com certeza existem aqueles que aceitam Jesus como um grande professor, porém ainda recusam chamá-lo de Deus. Como deísta, sabemos que Thomas Jefferson não tinha problemas para aceitar os ensinamentos morais e éticos de Jesus e ao mesmo tempo rejeitar sua divindade.[20] Porém como já dito, se Jesus não era quem afirmava ser, então é preciso analisar outras possibilidades, nenhuma das quais faria dele um grande professor moral. Lewis disse: “Estou tentando impedir que qualquer um diga a coisa mais insensata, que as pessoas dizem frequentemente, sobre Ele: ‘Aceito Jesus como um grande professor moral, porém não aceito as afirmações de que ele era Deus’. É exatamente isso que não podemos dizer”.[21] Em sua missão em busca da verdade, Lewis sabia que não era possível aceitar as duas identidades de Jesus. Ou Jesus era quem ele afirmava ser, a encarnação de Deus, ou suas afirmações eram falas. Se fossem falsas, Jesus não poderia ter sido um grande professor moral. Ele estaria mentindo de propósito ou teria sido um lunático com um complexo de Deus. C O N T I N U A ...